domingo, 22 de março de 2020

Bola de trapos, edição de 20/03/2020 no Diário do Alentejo

José Saúde
Alerta
A intemporalidade do universo desportivo onde afortunadamente coabitamos, remete os lícitos afetos humanitários para inesperados momentos em que o sinal de alerta se torna estritamente evidente. Viajo pelo mundo do desporto já lá vão quase 60 anos e nesta maratona enuncio que me iniciei no futebol, oficialmente, com as cores do Despertar, aos 13 anos, seguindo-se as épocas ao serviço do Sporting CP, Desportivo de Beja, FC Serpa e Aldenovense. Ao longo das décadas em que o dito desporto-rei sempre mereceu uma atenção especial, sublinho que houve de facto escaramuças, ergueu-se bem alto a condição do clubismo, existiram, e é verdade, discórdias entre adeptos, todavia, os ânimos acalmavam-se e no fim-de-semana seguinte lá estavam os estádios cheios de gentes para aplaudirem os atletas e os emblema do seu coração. Agora, soou o eloquente grito de alerta e todas ou quase todas as competições foram interrompidas. O covid-19 alastrou-se pelo mundo, as suas consequências, garantem as entidades oficiais, são desastrosas e das associações regionais, nacionais às internacionais, chegou a implícita ordem de paragem. Declaram as altas instâncias que o enigmático vírus é contagioso o que requer cuidados redobrados. Esta paragem das competições obriga às mais díspares alterações de jornadas anteriormente calendarizadas. A problemática desportiva com a qual nos deparamos é gravíssima e estende-se a uma sociedade civil que vive intensamente à beira do caos e cujo fim é, por ora, desconhecido. Desportivamente congratulo-me pela forma como as associações distritais, Beja em particular, encararam as recomendações emitidas por quem de direito, sendo que toda a atividade se encontra suspensa. Desconhecesse, por enquanto, o seu fim, sabe-se que o problema é grave e merecedor de cuidados redobrados. O covid-19 não dá tréguas e o seu silêncio é deveras malicioso. Encaminhei o texto de hoje, embora o faça apenas pela rama, para debitar uma matéria em que me confesso leigo, mas nunca me divorciando de uma narrativa que mexe rigorosamente com a população mundial a qual vive acantonada sob o abrigo do medo. Sabe-se que o coronavírus caiu como uma bomba no cosmos terrestre, sendo as suas sequelas por agora inimagináveis. O desporto, na generalidade, vive amedrontado com o desenvolvimento de uma bactéria onde ainda não existe uma cura testada e que deixa abalo no evoluir de uma qualquer competição. Impõem-se, portanto, um alerta seguro e a esperança de um breve regresso à normalidade. Fica, pois, o repetido alerta e o merecidíssimo cartão vermelho ao maldito covid-19, uma pandemia que se prevê devastadora e que não conhece géneros, cores, religiões, credos, idades, linguagens, estatutos sociais, raças, profissões, ou seja, estamos em presença de um dano transversal onde o povo se encontra maniatado a um novo vírus que destrói vidas.
Fonte: Facebook de Jose Saude

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