O “tio” Firmino
 Timoneiro de um mítico balneário, o “tio” Firmino, vulgo “Xaxinha”, foi
 um jogador de eleição ao serviço do Luso Sporting Clube, mas o seu nome
 ficará para sempre lembrado como o roupeiro do Desportivo de Beja. 
Divagando sobre pequenas histórias passadas, viajamos pelas melodiosas 
ondas do tempo e numa expedição por outras eras, constatamos que a 
evolução desportiva é, de facto, imensurável. A época de 1932/1933 
estava prestes a iniciar-se e a 12 de dezembro a AF Beja organizou um 
Torneio de Preparação onde participaram o Luso, o Sport Lisboa e Beja, o
 Despertar e o Esperança. O primeiro desafio opôs o Luso ao SL Beja, 
sendo que o jogo foi interrompido aos 28 minutos da segunda parte quando
 o resultado registava um empate (1-1). Amândio Pacheco, árbitro da 
partida, decidiu expulsar o jogador do Luso, Firmino Lopes, resultando 
da sua sentença uma enorme confusão. Olho, atentamente, para um espólio 
que guardo na minha prodigiosa prateleira de recordações e deparo-me com
 o fim de um prélio que resvalou para a desordem. Este episódio não 
desvirtua de modo algum a dedicação do “tio” Firmino ao futebol. 
Conheci-o como guardião-mor de um espaço que conhecia ao pormenor. 
Constava-se que havia equipamentos rotos, mormente meias, que o “tio” 
Firmino armazenava para dar as boas-vindas aos recentes craques, assim 
como botas velhas, e com travessas, impregnadas de pregos maliciosos que
 feriam, naturalmente, os pés das vedetas. Olheiro atento, previa, 
também, o futuro da nova promessa só pelo calçar e o atar das chuteiras.
 “Este não presta”, comentava o mestre. Em arames segurados com espias e
 carregados de equipamentos, lavados à mão, e estendidos ao sol, 
apresentavam-se como um cenário trivial no velhinho estádio Fernando 
Ulrich. Mas o “tio” Firmino não se ficava pelas folias que a sua mente 
engendrava, revejo-o na tarefa a alugar bolas remendadas em catechu para
 divertimento da rapaziada. Uns simples dez tostões por uma hora de 
jogatana eram uma bênção que os moços adoravam. Mas, quando o ímpeto da 
moçada se prolongava, lá estava o “tio” Firmino a lançar o estridente 
grito indicando que o tempo se havia esgotado. Histórias hilariantes que
 em nada se compadecem com a atual realidade. Hoje, o Complexo 
Desportivo Fernando Mamede, em Beja, contempla um campo relvado, dois 
sintéticos, uma pista de atletismo, agora remodelada, e infraestruturas 
dignas, de entre outras componentes que fazem jus a vertentes 
desportivas em pleno desenvolvimento. Longe vão os tempos em que a 
figura proeminente do “tio” Firmino impunha regras num cingido espaço 
onde a quantidade de jogadores não ia, quiçá, para além das quatro 
dezenas, incluindo o futebol dos mais novos, ao invés do momento 
presente que o número de atletas do Desportivo, só nos escalões de 
formação, se estende a cerca de três centenas.
Fonte: Facebook de Jose Saude
Fonte: Facebook de Jose Saude
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