O presidente do Mineiro Aljustrelense admite que preferia ter
conquistado a manutenção dentro de campo, mas fica satisfeito com a
continuidade do clube nos nacionais em 2020-2021, época em que haverá
muitas mudanças e cortes. Vamos "baixar os custos em várias áreas,
principalmente nos seniores, onde vamos ter de fazer cortes em muitas
coisas", garante Rui Saturnino em entrevista ao "CA".
Por decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), anunciada a 8
de Abril, o Campeonato de Portugal chegou ao fim e não há descidas, o
que significa que o Mineiro Aljustrelense estará nos nacionais em
2020-2021. Pode dizer-se que foi uma espécie de "amêndoas de Páscoa"
antecipadas.
Sim, foram! [risos] Não obstante isso, iríamos lutar nos jogos que
faltavam, com adversários que estariam próximos de nós na tabela
classificativa, e tínhamos esperança de conseguir a manutenção no campo e
não na secretaria. Mas a FPF tomou esta decisão que ainda é um bocado
dúbia na questão das subidas e cá estaremos para o ano. Não sabemos
em que formato, mas estaremos a disputar o Campeonato de Portugal.
Sente que esta foi a decisão mais acertada ou ainda haveria condições para terminar a época a jogar?
Não havia e isso foi algo de que nos apercebemos logo nas primeiras
semanas [de paragem]. Mesmo que o campeonato fosse retomado, teria que
haver uma pré-época que não equacionávamos e teria que haver jogos a
meio da semana que não poderíamos disputar, porque mais de metade do
plantel tem outra actividade profissional. Além do mais, os jogadores
regressaram às suas residências e um inclusivamente para o Brasil. Ou
seja, não estavam reunidas as mínimas condições e não iríamos aceitar
participar nessas jornadas que faltavam.
Apesar da época estar terminada, o compromisso com os jogadores era
até Maio. Fizeram o pagamento do subsídio de Março na íntegra. E Abril e
Maio, como vai ser?
Fizemos um pacto com os atletas. São poucos os clubes que pagaram o mês
de Março, até porque o nosso Março é mesmo um mês sem competir. Para nós
o mês começa no dia 8 e o último treino foi no dia 10. Portanto,
[Março] foi um mês sem qualquer actividade e nós acabámos por dar essa
benesse aos atletas. E os jogadores, por outro lado, também têm que
entender que o clube tem de ter o mínimo de condições para iniciar uma
nova temporada. Não há contratos, mas há palavra e chegámos a esse
acordo!
Toda esta situação prejudica as finanças do clube?
O clube iria acabar a ápoca com uma folga boa para iniciar a próxima
temporada. Mas já estamos a sentir muito o corte nos eventos, que era
uma grande fonte de receita. E não temos coragem de ir ao comércio
local, quando for possível, cobrar alguns dos apoios e publicidades.
Portanto, vamos ter de deixar de contar tanto com estas duas fontes de
receita.
E recorrer mais a essa "folga financeira" de que dispõem?
Sim, sim
E baixar os custos em várias áreas, principalmente nos seniores, onde vamos ter de fazer cortes em muitas coisas.
A FPF criou um fundo, de 4,7 milhões de euros, para apoiar os clubes do Campeonato de Portugal. Admitem recorrer a essa ajuda?
Não, até porque esse é um apoio que tem de ser reembolsado em quatro
anos, sem juros. Mas esta direcção termina o mandato agora em Maio
ainda que tenhamos de continuar mais um ano, como comissão
administrativa, visto não haver possibilidades de fazer eleições e não
iríamos fazer um crédito sem haver uma necessidade urgente. Isso é mais
para clubes que já tinham ordenados em atraso e uma situação mais
grave. Nós não temos necessidade disso.
Já estão a preparar a nova temporada, agora que a manutenção está garantida?
Sim, já estamos e vamos começar a auscultar os jogadores que pretendemos
que continuem do actual plantel. E vamos ter de repensar muito bem tudo
isto, fazer contas por baixo e cortes. Não será fácil fazer uma figura
digna da história do clube, mas vamos basear-nos mais em jogadores que
seja promessas e certezas aqui da região.
Ou seja, em 2020-2021 teremos o Mineiro Aljustrelense com um plantel formado mais à base de alentejanos?
Sim, vamos tentar isso. Sabemos que não é fácil, pois às vezes falta o
compromisso e o sonho de alguns jogadores. É notório e público que
muitos dos jogadores do distrito não têm o sonho de ser profissionais de
futebol, mas têm de pensar que isto pode ser uma rampa de lançamento.
Se calhar vamos ter surpresas aqui em Aljustrel
Surpresas?
Um ou dois jogadores que, se calhar, vão dar o "salto", pois fizeram uma
época fantástica este ano. E apelava aos jogadores do distrito que
sonhem sempre com isso. O Mineiro e, porventura, o Moura AC são clubes
apetecíveis e que os podem lançar.
Do plantel actual vai haver muitas saídas?
Vamos tentar que não.
Até para "tranquilizar" os adeptos, quem é que vai continuar?
O que posso dizer é que há jogadores da actual equipa que, devido à sua
situação profissional e à estabilidade que encontraram aqui, vão
permanecer. Não sendo de cá, mas querem cá ficar.
E o treinador? Vão manter a actual equipa técnica liderada por José Amador?
É uma grande possibilidade.
Fonte:http://www.correioalentejo.com
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