José Saúde
Pepe
Contextualizando a generalidade das
histórias que marcaram o futebol sul alentejano, existe uma façanha que,
por força do feito superiormente alcançado, nos transporta à época
1980/1981, quando o Cabeça Gorda, popularmente conhecido como Ferróbico,
em ano de estreia no Campeonato Nacional da III Divisão, eliminou o
poderoso Penafiel, grémio que militava no escalão supremo do futebol
luso, numa esplêndida jornada que contou para uma eliminatória da Taça
de Portugal. O empenho manifestado em campo pelos jogadores do Ferróbico
foi extraordinário, perante um conjunto de ‘craques’ que entrou em
campo julgando que a vitória duriense eram “favas contadas”. Mas os
pupilos de António Oliveira, jogador/treinador que nem sequer se atreveu
a equipar-se, enganaram-se, sendo que uma vez mais o desporto-rei
provou que não existem vencedores antecipados. Esse jogo realizou-se no
Estádio Municipal Dr. Flávio dos Santos, em Beja, e valeu o golo
solitário de Pepe. E é ele o protagonista que hoje entra para o quadro
de honra de textos que semanalmente historiamos no “Diário do Alentejo”.
António José Mourinha Pepe nasceu na freguesia de Santa Maria, em
Serpa, a 10 de setembro de 1959, sendo que aos sete anos rumou à Cabeça
Gorda, ficando pelo meio uma passagem por Montargil dado que o seu pai
era guarda-florestal e os compromissos profissionais a isso o obrigaram.
Pepe estreou-se na Zona Azul como juvenil e desses tempos guarda
magníficas recordações: “Na época de 1976/1977 fizemos história no
Campeonato Nacional de Juniores. Tínhamos uma belíssima equipa. O Chico
Fernandes e o Chico Agatão são exemplos de uma equipa onde proliferavam
belíssimos jogadores. Quando subi a sénior fui para o Desportivo de
Beja”. Na temporada de 1979/1980 transitou para a Cabeça Gorda e, sob a
orientação técnica de António Dionísio, foi campeão distrital no escalão
primodivisionário da Associação de Futebol de Beja e, na seguinte, o
Ferróbico participou pela primeira vez no futebol nacional. Aqui, os
atletas de Dionísio, não obstante no final do campeonato o grémio
deparar- -se com o regresso ao regional, assumiram o estatuto de
“tomba-gigantes” numa competição fértil em surpresas ao deixarem pelo
caminho o Penafiel. Pepe fala, com paixão, desse momento áureo: “Nessa
época eliminamos o Leixões e o Penafiel, este último com um golo marcado
por mim. Foi uma jogada de contra-ataque e eu, à entrada da área,
chutei à baliza com o pé esquerdo, o que não era habitual. A bola levou
tamanha força que bateu no ferro interior da baliza e saiu. O árbitro
foi o Poeira, do Algarve”. Claro que a ocasião motivou capas e grandes
entrevistas em órgãos nacionais de comunicação social e a Cabeça Gorda
saltou para a ribalta. Seguiu-se uma passagem pelo Futebol Clube de
Serpa e o regresso ao Ferróbico. Para terminar Pepe recorda treinadores
que o marcaram ao longo do seu percurso como jogador: “Quinito e Zé
Manel, na Zona Azul; Quim Teixeira no Desportivo e Dionísio no
Ferróbico”.
Fonte: Facebook de Jose saude.
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