No âmbito do Plano Nacional de Ética no Desporto, a delegação regional do Alentejo do Instituto do Desporto e Juventude certificou mais dois clubes sul alentejanos com a “Bandeira da Ética”.
Texto Firmino Paixão
Quatro bandeiras já foram desfraldadas, ao sabor do vento, no território sul alentejano. Clube Desportivo Praia de Milfontes e Associação de Promoção Cautchú, num primeiro momento, e, mais recentemente, o Clube Desportivo de Beja e o Grupo Desportivo e Cultural de Baronia (Alvito). Os galardões foram entregues pelo diretor regional do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Miguel Rasquinho, que explicou ao “Diário do Alentejo” a importância destas distinções, apelando a que outros clubes se envolvam em processos de certificação e de compromisso com a ética e com os valores no desporto.
Quatro bandeiras entregues no distrito de Beja. Um número significativo, mas ainda irrelevante, dada a dimensão do território e a diversidade de agentes desportivos?
Os clubes do Alentejo têm aproveitado pouco este galardão que o IPDJ atribui. Um galardão ao qual nós damos uma importância extrema, porque é mesmo uma das nossas grandes apostas. Não só apoiar os clubes pela prática desportiva e competitiva, mas também pela promoção da ética no desporto. Para além da “Bandeira da Ética”, temos outra componente relacionada com a ética muito importante, o “Cartão Branco” no ‘fair play’. Temos atribuído alguns troféus e, muito em particular no distrito de Beja, mas, para “Bandeiras da Ética” temos ainda poucas candidaturas dos clubes alentejanos.
E porquê? As razões estão identificadas?
Provavelmente será pela dificuldade, não pela divulgação, porque essa temo-la feito massivamente mas, provavelmente, pela dificuldade que os dirigentes têm em dedicar mais algum do tempo aos seus clubes. Os dirigentes são amadores e, eventualmente, dedicam-se àquilo que é o mais imediato no clube, que é a área competitiva, depois, vão deixando um pouco para trás esta questão da “Bandeira da Ética”.
Comparativamente com os outros distritos a percentagem é relevante?
As quatro bandeiras atribuídas no distrito de Beja são quase a maioria das atribuições que o IPDJ do Alentejo tem feito. Atribuímos também uma em Évora e outra em Portalegre e, de facto, aqui, estas quatro representam um marco. Organizando este evento, simples e singelo, cumprindo todas as normas da Direção-Geral de Saúde, como é óbvio, estamos também a apelar aos clubes para que eles apresentem as suas candidaturas e façam projetos inovadores porque é possível ganhar, e é esta a mensagem que queremos deixar. É possível ganhar campeonatos, é possível ganhar medalhas e competições, mas praticando a ética no desporto.
Mas é um símbolo cujo significado também não deve ser banalizado?
Deixe-me, aliás, dizer que recebemos algumas candidaturas que não foram aprovadas, não pela qualidade dos projetos, mas pela falta de abrangência que os mesmos possam ter. A “Bandeira da Ética” passa por candidaturas. Os clubes apresentam os seus projetos e, obviamente, só os melhores serão galardoados. Não pode haver, de facto, uma banalização da atribuição de bandeiras, por isso é que lhe dizia que algumas candidaturas não foram contempladas, algumas até do Alentejo, porque, se calhar, não cumpriam os requisitos exigidos. Mas esse também tem sido o nosso papel, ajudar os clubes, apoiá-los e incentivá-los, mostrar-lhes o caminho do que há a fazer, e o resultado disso são mais estas duas bandeiras que entregámos em Beja.
São projetos que potenciam o respeito pelos valores e princípios éticos universais e fundamentais?
Sim, são duas iniciativas extremamente interessantes. O projeto do Clube Desportivo de Beja é relacionado com a igualdade de género, um tema cada vez mais recorrente e atual; o do Grupo Desportivo de Baronia é relacionado com o binómio atleta/aluno, versando também a obtenção de bons resultados na escola. Foram dois excelentes projetos que nos apresentaram
Os clubes ficam mais responsabilizados?
Exatamente, isto é uma responsabilidade acrescida. Não paramos por aqui, entregámos a bandeira e por aqui ficamos… não é isso. As ações devem ser aplicadas e serão verificadas no terreno e, durante dois anos, o clube compromete-se a fazer, de facto, aquilo a que se candidatou. Tenho até esperança que os clubes venham a fazer ainda mais do que se propuseram.
Os projetos que têm sido apresentados são geralmente merecedores de enquadramento no Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED)?
Os projetos do Alentejo em nada ficam atrás dos restantes realizados no país. Temos tido projetos com muita qualidade e apresento estes dois como exemplo. Sem estar a personalizar as atribuições, estes são excelentes exemplos e isso demonstra a qualidade… aliás, o próprio coordenador nacional do PNED, José Carlos Lima, confirmou-nos que estes foram dois dos melhores projetos apresentados a nível nacional. Os clubes podiam até nem ter direito à bandeira, ter apenas o “selo” mas, pela qualidade, o IPDJ Alentejo achou que deveria entregar a bandeira e demonstrar que estes são dois projetos de excelente qualidade a nível nacional.
O IPDJ acompanha e fiscaliza o efetivo desenvolvimento dos projetos?
Claro que sim. Nós acompanharemos, ao longo dos próximos dois anos, todo o trabalho que os clubes irão desenvolver no âmbito destas candidaturas e não só, porque, nestes quatro anos em que estamos à frente do IPDJ Alentejo, tem sido nossa bandeira a proximidade com os clubes. Não há um único concelho do Alentejo onde eu não tenha estado presente, não pude estar em todos os clubes ou associações, mas estive em todos os concelhos deste território, portanto, esse acompanhamento será feito, não só por mim, mas pelos técnicos do IPDJ, a quem se deve também esse grande trabalho de acompanhamento, junto dos clubes desportivos.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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