José Saúde
Tita Sanina
Há histórias que envolveram antigos atletas e que nos tempos que decorrem deixam o leitor estupefacto. Uma dessas aventuras, que por ora sintetizo, passou-se com Tita Sanina. “Houve um domingo em que joguei de manhã, em Évora, pelos juniores do Pax Júlia e, à tarde, estreei-me como titular no Desportivo de Beja num jogo frente ao Portimonense”. António Joaquim Caeiro Sanina nasceu na freguesia de São João Batista, em Évora, a 16 de dezembro de 1929. Todavia, o seu nome de “guerra” no futebol ficou explicitamente assinalado como o trivial Tita Sanina. Em garoto, na companhia de outros companheiros, estreou-se no jogo da bola no largo da feira, em Beja. “Tínhamos um grupo de malta onde todos pagavam quotas e o dinheiro que juntávamos era para comprar bolas e camisolas”. Sob o comando técnico do virtuoso Manuel Trincalhetas, iniciou-se no cosmos futebolístico no Pax Júlia, com Fernando Pratas, Arsénio, Rogério, Artur Sanina, Zé Passinhas, Álvaro Marques, Monteiro, Doroteo Flexa, Carlos Casimiro, Zezé e Manel Valadas, de entre outros condiscípulos com os quais partilhou o balneário. A biografia de Tita Sanina é encantadora. No cumprimento do serviço militar, lá para as bandas de Lisboa, jogou no Luso do Barreiro que disputava o Campeonato Nacional da II Divisão. “No Luso fiz a ala direita com o Correia, um jogador que ingressou depois no Benfica”. Após arrumar a farda militar, regressou ao Desportivo e desses tempos recordava os nomes de uma equipa que fez furor a nível nacional no escalão secundário: Zezé, Honório Paixão, Apolinário, Madaleno, Meira, Farinho, Braz, Elói, Vasques, Diamantino e Tita Sanina. Camiruaga foi um dos treinadores que muito o marcou: “Era um autêntico polícia a vigiar-nos”. Recorda que foi Camiruaga que o colocou a defesa direito, sendo ele um extremo e de grande qualidade. “Tudo aconteceu após a lesão do Honório Paixão, num jogo que fizemos no Montijo. As coisas saíram-me tão bem que a partir desse encontro comecei a jogar a lateral direito”. Depois do adeus ao futebol, como praticante, Tita Sanina tentou a arbitragem. Aconteceu que a proximidade ao “tio” João Salgado levou-o ao cosmos dos massagistas e o subsequente adeus ao apito. “Estagiei no Belenenses e ainda fui massagista num jogo em que a equipa de Belém defrontou o Moscavide”. Mas o Desportivo fora a sua grande paixão; onde permaneceu ao longo de várias épocas. Numa mera revista ao currículo de Tita Sanina, fica uma cena, enquanto jogador, no terreno do Casa Pia: “Esse jogo foi muito complicado. Houve um lance em que o jogador do Casa Pia rematou à nossa baliza, a bola passou ao lado, mas um espetador apressou-se a enviá-la para o terreno de jogo, eu apanhei-a com as mãos e coloquei-a no sítio, isto é, no vértice da pequena área para a partida continuar, só que o árbitro assinalou uma grande penalidade contra nós”. Histórias hilariantes do cativante mundo da bola do antigamente!
Fonte: facebook de Jose Saude
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