O Futebol Clube Albernoense nasceu há cerca de 35 anos e, após um longo período de atividade nas competições da Fundação Inatel, está, pela terceira época consecutiva, a competir no segundo escalão da Associação de Futebol de Beja, sendo, atualmente, o líder da Série A.
Texto e Foto Firmino Paixão
Marco Trombinhas, treinador que já tinha orientado a equipa nos campeonatos da Fundação Inatel, voltou a Albernoa no final da época passada, construindo, para a época em curso, uma equipa competitiva, com uma estrutura de base muito experiente, que tem como primeira meta a qualificação para a segunda fase do campeonato. O técnico sublinha a dedicação da direção e a entrega do plantel, que reparte os treinos entre o pelado de Albernoa e o sintético de Cabeça Gorda. Ironizámos com o facto de o presidente, Pedro Jonas, ser também jogador, mas Marco Trombinhas assegura, claro, que ele não tem lugar cativo no 11 inicial.
Uma vitória importante no terreno do Bairro da Conceição, se calhar determinante até para a classificação que o Albernoense persegue no campeonato?
Era um jogo muito importante para nós e a vitória deixa-me bastante orgulhoso. O campeonato é muito reduzido e, quem for perdendo pontos, aqui e ali, vai ficando um bocadinho afastado dos lugares da frente. É público que nós construímos uma equipa para andar sempre nos primeiros lugares e que o nosso objetivo é a qualificação para a segunda fase. Estamos a trabalhar para isso mas, ganhar no Bairro, significa mais do que ganhar três pontos, porque ganhámo-los num campo onde poucas equipas o conseguirão fazer.
O triunfo não surpreende, até pela expressão do marcador? A vossa postura será sempre a de encarar todos os jogos com a ideia de os ganhar?
Sim, felizmente temos um plantel muito equilibrado, que nos dá muitas garantias para, durante o jogo, se precisarmos de fazer algumas alterações, termos jogadores no banco que, quando entram, vão dar as mesma resposta do que aqueles que estavam dentro de campo. Isso é fundamental para mantermos essa atitude e a ambição de ganharmos em todos os campos. Mas também ganhamos os jogos, à terça e à quinta-feira, lá no nosso campinho, onde, durante a semana, trabalhamos arduamente para chegarmos ao sábado e podermos ser melhores que os nossos adversários. O objetivo do futebol é esse e não vale a pena dizer que se anda aqui só para participar, porque toda a gente anda cá para ganhar.
Que meta traçou o Albernoense para este campeonato?
Não escondemos o nosso objetivo de ninguém: primeiro a qualificação para a segunda fase e depois, mais adiante, tentarmos discutir essa competição porque, no ano passado, infelizmente para o clube, na primeira vez que conseguimos esse objetivo, por causa desta pandemia que nos está a roubar muita coisa, não pudemos disputar essa segunda fase, que será um prémio para os dirigentes que andam atrás da equipa, “fazendo das tripas coração”, para nós fazermos aquilo de que gostamos, que é chegar ao fim de semana e jogar futebol.
Nos cinco jogos que disputaram venceram quatro e perderam na Amareleja. Foi um dia mau da equipa ou o Amarelejense foi superior?
Nós não gostamos de estar no futebol e, quando não conseguimos o objetivo, justificarmos que não fomos nós que tivemos um dia ruim, que os outros tiveram um dia bom. No final, eu disse isso aos meus jogadores. Às vezes é importante perder jogos e perder o primeiro jogo é melhor, se calhar, do que perder mais à frente. Se calhar, perdemos o jogo mas ganhámos uma equipa, mas sem dúvida que perdemos na Amareleja por 3-1 e podíamos ter saído de lá goleados, porque não tivemos qualquer tipo de hipótese de o evitar.
O Albernoense tem cinco jogadores com mais de 40 anos (Guerreiro, Barreto, Cláudio, Agatão e Milho). São as individualidades da equipa?
E fundamental, numa equipa do campeonato distrital, ter quem agite o jogo e termos quem tenha capacidade de o pensar. Nós, felizmente, conseguimos ter jogadores dentro do campo que percebem aquilo que, a cada momento, têm de fazer, sem estarmos cá fora a emendar seja o que for.
O presidente do clube, Pedro Jonas, é um dos jogadores do plantel. A convocatória será sempre ele e outros 10…
Não! Conheço o Pedro há muitos anos e na minha passagem por Albernoa ele jogava a ponta-de-lança e, na altura, foi o melhor marcador. Este ano pediu-me para jogar, sabendo que é mais um jogador igual aos outros, terá que trabalhar a par dos outros para o conseguir, porque só podem alinhar 11 e o presidente do clube é apenas mais um.
Quais as condições oferecidas por um clube com fundação recente e que, há três anos, competia nas provas do Inatel?
São ótimas, dentro daquilo que é possível. Trabalhamos num pelado, depois trabalhamos a 20 quilómetros de Beja, o que é um bocadinho diferente das equipas que estão cá mais perto, mas tentamos inverter essas contrariedades com o pensamento positivo e com o sentimento de estarmos unidos, de sermos uma família, não obstante suportarmos o vento, a chuva ou o calor, mas essa é a nossa força, e aproveitamos, ao máximo, tudo aquilo que o presidente, e a direção, nos conseguem proporcionar.
O Marco foi jogador, árbitro, treinador. Qual é a sua “praia”? Em que papel se tem sentido melhor?
A minha “praia” foi, desde muito cedo, o futebol. Por não ser um jogador tão dotado como outros da minha altura, enveredei pela arbitragem, até porque tinha lá o meu pai [António José Trombinhas], mas, sim, fico satisfeito com o que fiz no passado e se há coisas que o futebol me são a serenidade e o sentimento de felicidade.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt/
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