sábado, 16 de janeiro de 2021

BOLA DE TRAPOS , edição de 15/01/2021 no Diário do Alentejo

 

JOSÉ SAÚDE
Tadeu, até logo companheiro!
Morreu o Tadeu, vítima da covid-19, no Hospital José Joaquim Fernandes no pretérito dia 5 de janeiro! Joaquim Tadeu era natural de Guimarães e vibrava com os feitos do seu Vitória. Conheci o professor Tadeu aquando da sua chegada a Beja e fiquei, desde logo, agradecido quando um dia o convidei para a Rádio “Voz da Planície”, área desportiva, sendo a sua resposta prontamente positiva. Com ele passei momentos inesquecíveis aos microfones de uma estação onde o desporto radiofónico se afirmava numa região parca em acontecimentos desportivos. Mestre na área da música, Tadeu expandiu simpatia numa população que sempre o acarinhou, fazendo da temática desportiva uma das suas enormes ovações. Como repórter afirmou-se no meio, deslocando-se, com a sua própria viatura, a um qualquer lugar previamente agendado. Aliás, a causa desportiva era-lhe familiar e a sua dedicação, a que acresce a simplicidade e sobretudo humildade, fora-lhe substancialmente colossal. Lembro-me de instantes de aperto em que a ele recorria, respondendo-me, de imediato, que contasse com ele. Sim, o Tadeu era um inquestionável amigo e sempre pronto a ajudar. Dos momentos áureos da “Voz da Planície”, no que rigorosamente concerne ao movimento desportivo que então se vivia, guardo do Tadeu recordações de um homem bom que se radicou, profissionalmente, na velha Pax Júlia. Trabalhou, também, para o jornal o “Ás”, a que acresce as muitas dicas que me dava quando, em tempos, assumi as páginas desportivas do “Diário do Alentejo”. O Tadeu foi enorme na arte de cooperar sempre que uma solicitação lhe fosse dirigida. A sua voz fez-se ouvir em variadíssimos locais a sul desta pátria lusitana. ‘Speaker’ em provas de atletismo, ciclismo, ou de BTT, de entre outras petições para que era chamado, lá estava a voz do Joaquim Tadeu a fazer-se ouvir para uma multidão de gente que vivia as emocionantes ocasiões que os atletas proporcionavam. Falar do nosso inesquecível condiscípulo de lides jornalísticas Tadeu, e da sua subtil rendição a um cosmos que lhe tocava na alma, é, de facto, curto, aliás, muito curto. A vida foi-lhe verdadeiramente madrasta. Ficou sem a esposa, bastante cedo, com dois filhos, um menino e uma menina, para criar, e lá se resguardou no seu monte, situado à beira da estrada entre Cuba e Vila de Frades, onde a família era tudo para ele. Mas, não obstante as infelizes adversidades que a vida lhe impôs, caminhou em frente, superou momentos difíceis, amealhou amizades, criou duas crianças e transmitiu uma descomunal força interior para vencer o seu próprio destino. Agora, o Tadeu foi incapaz de debelar esta maldita pandemia que dia após dia vai ceifando vidas ao cimo deste vastíssimo planeta terrestre. Descansa em paz amigo, e um obrigado por tudo o que fizestes para enaltecer o mundo desportivo de uma região que eternamente te ficará muito grata. Tadeu, até logo companheiro!
Fonte: Facebook de Jose Saude

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