A Associação de Voleibol do Alentejo e Algarve (AVAL), que tutela a modalidade nos territórios mais a sul do país, está focada em minimizar o impacto da pandemia junto dos seus filiados, sabendo que, no futuro, poderá ter que dar dois passos atrás, antes de prosseguir o seu caminho.
Texto Firmino Paixão
Fundada em maio de 2011, com sede em Castro Verde, a AVAL atingiu um rápido e notável crescimento. Filiou novos clubes, captou mais atletas, formou árbitros e treinadores, organizou competições e rasgou fronteiras, estendendo a sua influência para sul. Chegou a 2019, antes da pandemia, como a segunda maior associação do país nesta modalidade. Um trabalho iniciado por Paulo Pinho, continuado por Ruben Lança, atual coordenador técnico regional, que aqui relata as atuais dificuldades e os planos para a recuperação daqueles índices.
Uma associação relativamente jovem, como é a AVAL, talvez ainda não tenha robustez suficiente para sobreviver a uma crise desta natureza.
Realmente, o facto de se tratar de uma associação jovem acrescenta aqui algumas dificuldades, mas era uma situação para a qual ninguém estava preparado. Agradecemos fortemente à Federação Portuguesa de Voleibol, que conhece as dificuldades por que passamos e nos tem apoiado desde a primeira fase desta pandemia.
Uma associação é um núcleo de clubes. Os mais estruturados podem, eventualmente, ser o suporte da estrutura associativa, outros mais frágeis, precisarão do seu apoio…
Sem dúvida que os cubes que entraram há menos tempo na modalidade – e muitos deles dependem apenas do sacrifício de duas ou três pessoas – têm algumas dificuldades extra. Nós temos estado atentos, temos mantido o contacto com todos os clubes, temos algumas ideias e alguns projetos para os virmos a ajudar no futuro, porque temos a noção de que, mais cedo ou mais tarde, tudo isto regressará à normalidade.
Quais as maiores dificuldades que têm sentido?
Sobretudo na vertente da prática desportiva, com a desistência de atletas, dificuldades dos clubes e secções na área financeira, por inexistência de receitas e apoios financeiros. Temos a noção de que a maior parte dos atletas começa a sair para outros lados, talvez para desportos individuais, e o seu regresso a esta modalidade já não será fácil. Mas estamos atentos a isso e temos alguns projetos preparados para, uma vez que no seja permitido, irmos para o terreno captar estes miúdos e miúdas que abandonaram a modalidade.
Que apoio tem sido possível dar aos clubes?
Tem sido um apoio ainda muito curto tendo em conta a dimensão dos problemas. Mas tem sido um apoio com muita proximidade, praticamente todos os dias falamos com os dirigentes dos clubes. Apesar de não sermos uma associação de grande dimensão temos já muitos clubes e muitas escolas associadas, mas conseguimos manter o contacto. Em termos desportivos e económicos ainda não podemos fazer nada e nem sequer temos noção de quando o conseguiremos. Temos que esperar por diretrizes da federação e por medidas que o Governo possa implementar em termos de apoio ao desporto.
Têm contado com o apoio da Federação Portuguesa de Voleibol?
Sim, tem sido um parceiro fundamental. Em primeiro lugar no apoio à associação, porque, sem esse apoio e sem os rendimentos que tínhamos dos campeonatos regionais, teríamos os dois funcionários em casa e desempregados. Tem sido um apoio bastante importante, permitindo-nos manter em atividade.
Que atividade desportiva tem existido?
Em termos de formação está tudo parado. Sabemos que todos os clubes que estavam filiados na época passada, à exceção de um que desistiu da modalidade, estão a promover treinos, dentro das limitações possíveis. Continuam a captar atletas, numa perspetiva de médio e longo prazo, e nós ajudamos com material. Em termos de seniores, temos a III Divisão em atividade, com algum adiamento de jogos, mas sem problemas de maior.
A paragem da formação é uma contrariedade que tem um peso importante no futuro da modalidade?
Se as modalidades mais fortes sentem esse risco, nós certamente que não passaremos ao lado. Na época passada, batemos todos os recordes de organização de campeonatos, todos os recordes de participação de atletas, tivemos todos os escalões a competir em campeonatos regionais, nunca com menos de quatro equipas em prova, portanto, sabemos quanto iremos sofrer com esta situação. Mas também sabemos que, logo que nos seja possível regressar à atividade, iremos usar todas as nossas capacidades, essas que nos fizeram crescer tão rapidamente nos últimos anos, e voltaremos ao terreno, para estarmos no ‘indoor’, no ar livre, na praia, para começarmos de novo e ultrapassarmos esta crise da melhor forma.
Existe um plano de contingência muito assertivo?
No primeiro momento em que percebemos que isto estava para durar e que seria um processo muito duro e difícil para os clubes e para nós próprios, traçámos objetivos muito claros. Mantermos o que tínhamos, continuarmos a apoiar os nossos centros escolares, criando novos desafios, e em termos de clubes estamos dispostos a dar dois passos atrás para, com muita resiliência, voltarmos ao trabalho árduo.
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