José Saúde
Abril e o desporto
Foi em Abril que floresceram os Cravos da liberdade! Uma Revolução, marcada pela serenidade, que outorgou a liberdade de um povo que pela calada da noite se deparou com aquele que fora o sempre inolvidável 25 de Abril de 1974. A população, até então literalmente amedrontada, viu chegar ao fim uma ditadura imposta pelas ecuménicas leis de um Estado Novo que assumia, indiscriminadamente, os mandatos da sua insípida gerência governamental. As três frentes de guerra – Angola, Moçambique e Guiné -, por onde passaram cerca de 800 mil combatentes e de que resultaram 8831 mortos, cerca de 30 mil evacuações e perto de 100 mil feridos, assumiam-se como peso pesado para um regime que espalhava uma inflexível autoridade pelo mais inóspito lugar nesta pátria lusitana. Sabe-se que a dimensão desportiva era, na altura, ténue e as infraestruturas adaptadas às vãs circunstâncias existentes. Numa panóplia de acontecimentos observados por um povo onde a ditadura ditava severas legislações, reconheça-se que a audácia dos Capitães de Abril permitiram destronizar um “império” totalitário que originou o franquear de portas a pessoas que viviam encurraladas entremuros. O Alentejo não fugiu às impiedosas normas vigentes, sendo porém certo que o fenómeno desportivo não passou isento a essas sombrias máculas. Somos de um tempo onde as condições para a prática das modalidades impunham limitações e os espaços, obsoletos, ditavam oportunos percalços. Os campos de futebol, por exemplo, eram usualmente pelados, assim como a fragilidade dos lugares comuns onde a rapaziada debitava imaculados prazeres atléticos que naturalmente acarretavam canseiras a jovens em plena fase de afirmação desportiva. Neste contexto, é inevitável afirmar que a liberdade de Abril trouxe, seguramente, uma maior justeza a um cosmos desportivo que derrubou fronteiras e se colocou na linha da frente como uma justa causa que ousou conquistar uma infindável quantidade de atletas. Aqui, afirmar-lhe-emos, com a devida intransigência, que as autarquias não abdicaram da sua afirmação e eis o poder local ao serviço do povo. Olhemos para o distrito e examinemos os espaços desportivos que servem agora populações que antigamente não desfrutavam desses percetíveis espaços. Cidades, vilas e aldeias, ou os recônditos lugares que se situam nesta imensa planície, usufruem agora de excelentes infraestruturas que facultam uma prática atlética salutar para uma multidão de gentes que independentemente das idades que os seus cartões de cidadãos revelam, são pessoas que gozam das possibilidades para uma salutar prática desportiva. Campos relvados, pistas de atletismo, algumas com piso sintético, pavilhões bem apetrechados, piscinas, de entre outras condições sobejamente conhecidas são, resumidamente, conquistas que a liberdade de Abril garantiu aos seus cidadãos.
Fonte: Facebook de JOse Saude
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