domingo, 25 de julho de 2021

“A pesca é uma modalidade vivida com paixão”

 

A Barragem do Chança, junto à povoação de Santana de Cambas (Mértola), foi o palco da terceira e última prova do Campeonato Regional de Pesca à Boia, para escalões jovens, uma competição organizada pela Associação Regional do Baixo Alentejo de Pesca Desportiva (Arbapd).

 

Texto Firmino Paixão

 

Quinze pescadores, nas categorias de iniciados, juvenis, juniores e esperanças, em representação de três clubes, encerraram a sua participação no Campeonato Regional de Pesca à Boia, realizada em águas da Ribeira de Chança, depois de, nas provas anteriores, terem estado na Barragem do Roxo (1.ª prova) e no Rio Xarrama (2.ª). “Um sítio espetacular para a pesca desportiva”, considerou António Combadão, dirigente da Associação Regional de Pesca Desportiva do Baixo Alentejo que aqui comenta o atual momento da pesca desportiva na área da formação.

 

Quinze atletas a disputarem este campeonato é um bom número ou nem por isso?

 

Claro que gostaríamos de ter mais mas, tendo em conta aquilo que é o panorama nacional, é um bom número… dá para aquilatar o que se passa em termos nacionais. Do ponto de vista da formação temos lutado para haver um aumento do número de pescadores, mas não é fácil nesta modalidade. A realidade portuguesa é muito “curta”. Se formos ver, no ano passado, a Arbapd tinha praticamente um terço daquilo que são os pescadores em campeonatos nacionais e isso dá para ver qual é a realidade nacional. Somos, de facto, um país com títulos na formação a nível europeu e mundial, mas com poucos praticantes. Gostaríamos de ter muito mais, mas este número de 15 concorrentes jovens é, de momento, o possível. Já tivemos menos e também já tivemos mais… esta situação pandémica também não veio ajudar em nada, tem sido difícil organizar treinos e as competições estão condicionadas.

 

A pandemia também limitou muito a pesca desportiva?

 

Muito. Contrariamente ao que inicialmente se pensaria, pois a prática desta modalidade não envolve riscos [de contágio por covid-19], os pescadores têm na sua organização de provas a condição da distância entre pesqueiros, que o próprio regulamento obriga, têm que estar a 15 metros de distância entre si, portanto, à partida, esse pressuposto cumpre, desde logo, a questão do distanciamento social. E depois é uma competição que acontece ao ar livre, onde, teoricamente, estaríamos todos menos sujeitos à infeção. Mas as restrições que foram impostas foram iguais para todos e nós estivemos durante muito tempo privados do exercício da pesca desportiva. Também as questões do confinamento e a limitação de circulação entre concelhos criaram-nos algumas dificuldades que depois, paulatinamente, fomos superando e, neste momento, a modalidade de pesca, nas suas variadas áreas, tem decorrido de uma forma mais regular e os campeonatos estão na sua maioria a terminar. Mas os nacionais foram atrasados, fruto também deste problema. O nacional de jovens tinha um formato diferente, seria realizado em quatro dias consecutivos, mas era em março, quando estava tudo fechado… Voltou ao formato inicial e as provas passaram mais para o final do ano.

 

O calendário regional está mais ou menos a meio…

 

Os campeonatos regionais estão realmente a meio da sua organização. Agosto é sempre um mês com poucas provas, é tempo de férias, depois temos que adaptar sempre os campeonatos regionais ao calendário nacional e, este ano, felizmente, temos tido algumas provas nacionais na nossa zona. O nacional de ‘feeder’ da I Divisão realizou-se em Odivelas, em maio, pela primeira vez neste formato dos quatro dias consecutivos, o nacional da III Divisão, individual, foi também em Odivelas, em junho e, no final deste mês teremos o nacional de clubes de ‘feeder’, mais uma vez em Odivelas; ou seja, depois os regionais também ficam condicionados a estas realizações, portanto tivemos dificuldades em conciliar as provas.

 

Os campeonatos de jovens foram disputados por poucos clubes tendo em conta o universo da Arbapd. Nem todos os clubes se dedicam à formação?

 

Temos aqui atletas de três clubes, o CPD Mértola é quem tem mais jovens, o CAP de Viana do Alentejo tem vindo a ganhar o seu espaço e, ao nível dos mais novinhos, tem atletas em todos os escalões. O CPD Mértola só tem atletas nos juvenis e nos juniores e o Clube Mourense, atualmente, só tem juniores e esperanças, e mesmo aqui está a chegar ao fim desse ciclo, porque a Joana Ramalho está no último ano dessa categoria e o Leonel terá mais uma época. Essencialmente, estão aqui representados três clubes… o Clube Bejense o CAP Baixo Alentejo, e o próprio Abelense, não têm jovens.

 

O CAP Viana do Alentejo estará na rota da distinção como “clube do ano”, galardão que já foi conquistado quer pelo Clube Mourense quer pelo CPD Mértola…

 

Neste momento, o título de “clube do ano” não é muito fácil de obter. Quem poderá renovar esse galardão é o clube de Mértola. Quando a Federação Portuguesa de Pesca Desportiva instituiu essa distinção, os clubes não lhe deram muita importância e depois, pouco a pouco, começaram a concorrer. Por isso, Mértola, é neste momento o clube com mais atletas inscritos nas várias disciplinas. O Mourense foi uma vez primeiro e duas vezes segundo, depois tem-se quedado pela quinta e sexta posição. O CAP Viana do Alentejo, com a envolvência que tem atualmente, pois tem feito um trabalho muito bom a nível regional e nacional, pode almejar esse reconhecimento.

 

Estes miúdos estão, efetivamente, comprometidos com a pesca desportiva? Serão futuros atletas seniores?

 

É sempre difícil garantirmos isso, sobretudo, nesta modalidade e na região onde estamos. Mas penso que sim, penso que eles praticam esta modalidade por paixão. A pesca é uma modalidade [vivida] com paixão. O prazer que a modalidade proporciona, com a captura do peixe, e a própria devolução à água, os momentos da captura, o respeito pela natureza… podemos considerar que eles são pescadores para o futuro. Dizemos-lhe sempre que a formação tem a ver com isso. Se não quiserem ser atletas de grande nível, pelo menos não deixem a modalidade. Repare que o Diogo Carvalho (Capva) esteve na Irlanda no campeonato do mundo, a Joana Ramalho (CM) esteve em vários mundiais e foi campeã do mundo, o Daniel Mendes, de Viana, esteve em Itália num campeonato do mundo, o João Encarnação (Mértola) esteve no mundial na Irlanda, esteve noutro disputado em Coruche, o Luís Palma, de Mértola, esteve num mundial em Coruche. Estes referenciais são importantes para eles manterem esta paixão pela pesca desportiva e pelo contacto com a natureza e isso tem um valor formativo importantíssimo.

 

Campeões – Iniciados: Gonçalo Borda d’Água (CAP Viana Alentejo). Juvenis: Tomás Cegonho (CPD Mértola); Juniores: Daniel Mendes (CAP Viana Alentejo); Esperanças: Joana Ramalho (Clube Mourense).

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt/

Sem comentários:

Enviar um comentário