Cerca de 40 adeptas e associadas do Sporting Clube de Portugal celebraram, na cidade de Beja, a excecional época desportiva que o clube conseguiu em várias frentes. Nasceu a denominada Onda Verde bejense, um movimento de mulheres, para as mulheres do Sporting.
Texto Firmino Paixão
Rotinada pela dádiva, pela missão e pelo altruísmo que a mantém na linha da frente do combate à pandemia que ameaça a humanidade, a enfermeira Luísa Águas não confina a sua disponibilidade, apenas, às questões de saúde pública. Mantém-se, igualmente, na linha da frente da exaltação do amor clubista, do seu sportinguismo, algo que, legitimamente, sente e respira, se calhar, como paliativo para as tormentas com que no desempenho da sua nobre e dedicada profissão amiudadamente se confronta.
Mesmo assim, só ela sabe porque não fica em casa. Só ela sabe, como ninguém, preservar a fé no emblema do seu coração e, através da partilha de estímulos e de emoções, evangelizar a confiança no sucesso do seu clube. Não fosse o verde a cor da esperança... Ao seu lado, tem uma cúmplice de peso, também ela na linha da frente de outras causas, as questões sociais, o apoio aos desfavorecidos, às franjas mais débeis da sociedade, o carinho aos meninos e meninas nascidos em famílias mal estruturadas e, por isso, acolhidas em instituições de solidariedade social.
Tem sido assim nestes tempos de crise sanitária, de emergência, também foi assim nas idas épocas natalícias, levando um pouco de conforto aos sem-abrigo Um apoio efetivo através da Fundação Sporting, a que preside a mourense Maria Serrano, vice-presidente do Sporting Clube de Portugal. Outra causa mais atual, tem sido a campanha de angariação de fundos para ajudar as crianças deslocadas em Cabo Delgado (Moçambique), província para aonde já seguiram dois contentores de géneros.
Unidas na amizade, convergindo no amor ao clube de eleição, comungam também da paixão pelo território onde nasceram e pela valorização dos seus usos e costumes. E foi dessa comunhão, desse sentimento, que nasceu a Onda Verde bejense que reuniu, num restaurante da cidade de Beja, cerca de 40 mulheres sportinguistas, celebrando a época excecionalmente vitoriosa do seu clube.
Sousa Cintra, presidente do clube à época em que o Núcleo do Sporting Clube de Portugal em Beja foi inaugurado, corria o mês de novembro de 1991, na antiga sede da Rua da Capelinha, coloriu o seu discurso com a ousada afirmação de que, citamos “as mulheres mais bonitas e os homens mais inteligentes, são do Sporting”. Bom, mas existem exceções, admitiu rapidamente o empresário, adenda que subscrevemos na íntegra.
A verdade é que cerca de quatro dezenas de mulheres, naturalmente bonitas, na lógica de Sousa Cintra, (admitamos que a amostra é muito limitada), dizíamos, são habituais frequentadoras do Estádio José Alvalade e deram o primeiro passo para algo mais sério, como revela Luísa Águas, também dirigente do Núcleo do Sporting Clube de Portugal, em Beja: “A Onda Verde, de Beja, surgiu numa conversa que eu tive com a Maria Serrano, porque quando possível vou ver os jogos e, na última vez que isso aconteceu, levei de Beja mais de 30 sportinguistas, e então, aflorámos a possibilidade de existir um grupo de mulheres em Beja que participasse mais ativamente nas atividades do clube”.
E justificou: “Com a sucessão de vitórias que o Sporting conseguiu esta época, começámos a pensar nisso mais a sério e surgiu a ideia de realizarmos um jantar para comemorarmos todos os títulos do clube, porque foi uma excelente época desportiva”. Terá sido um ano único? – questionamos. “Não! Voltaremos a ter mais vitórias e mais momentos como este. Este foi o primeiro jantar de muitos que iremos fazer. A Maria Serrano fez questão de estar presente e trouxe algumas ofertas para as participantes, naturalmente que o momento é complicado para grandes reuniões, divulgámos o evento e, de repente, em três dias, já tínhamos cerca de 40 inscrições. Mas isto não vai ficar por aqui. Vamos criar um departamento de mulheres sportinguistas em Beja e, qualquer dia, metade da lotação do estádio será para nós”.
Luísa Águas revelou ainda: “Tenho uma grande amizade e enorme admiração pela Maria Serrano, depois, o Frederico Varandas é uma pessoa que fez do Sporting uma equipa com dignidade, respeito e muitas vitórias. Sou ‘varandista’, voltei a ser sócia do clube na noite em que ele venceu as eleições, fi-lo com muito orgulho e espero que esta direção se mantenha por muitos anos”.
Quanto à vice-presidente do Sporting, a mourense Maria Serrano, comunga da opinião de que Frederico Varandas “uniu os sportinguistas e uniu o Sporting, o clube estava em cacos, porque aquilo que aconteceu no passado foi muito mau. Mas o Sporting está unido, com muito trabalho, dedicação e muito amor ao clube. Este foi um ano atípico por causa da pandemia, mas foi um ano de muito sucesso, como nunca tinha existido em 115 anos de história do Sporting”.
A dirigente não se coibiu de afirmar que foi um ano “muito bem-sucedido”, acrescentando: “Vamos dar continuidade a esse grande trabalho, porque temos que repetir estes feitos, estas conquistas, isto não pode parar. Os sportinguistas são assim e então as mulheres…”
Na verdade, Luís de Camões deixou escrito no, Canto VII de “Os Lusíadas”, uma exortação ao esforço do povo português nas conquistas que fez pelo mundo fora, “e se mais mundo houvera lá chegara”. Perdoe-se-nos a adaptação à época fantástica que as várias equipas, de várias modalidades fizeram nesta época difícil num tempo não menos fácil, “e se mais títulos houvesse, lá chegariam”.
O apelo das sportinguistas de Beja foi imediatamente aceite pela dirigente leonina: “Sou alentejana, tenho uma grande ligação ao Alentejo, esta é a minha terra, tenho grandes amizades aqui na região”.
Ovos verdes, torta de espinafres, salada de rúcula, tarte de kiwis, café, licor de poejo e um gelado com sabor a campeão. Que rica ementa! Tudo verde? Nada disso! O importante era degustar as excelentes pérolas da gastronomia regional. E que rica e variada ela é! Por isso, a ementa foi aberta, variada, bem servida. Vestidas a rigor, porque havia recordações para todas as convidadas, oferecidas pelo Sporting Clube de Portugal. E a pergunta deve estar no ar. Não! O repórter não jantou. Não reunia aquele requisito essencial: ser mulher.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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