O Centro de Cultura Popular (CCP) de Serpa já prepara o seu regresso ao Campeonato Nacional da II Divisão de Andebol em seniores masculinos. Um patamar competitivo que não é inédito para os dirigentes do clube, que procuram reforçar bem a equipa, mas de forma consciente.
Texto Firmino Paixão
Não é fácil competir neste escalão, frente a equipas com outro potencial de recursos humanos e financeiros. Mas a confiança impera em Serpa, porque os adeptos locais merecem que o clube esteja a competir nesta divisão, assegurou o presidente Carlos Amarelinho, também ele a projetar a sua sucessão, apesar de garantir que “todos os dias” entra no clube “como se fosse a primeira vez, com muita vontade e maior dedicação”. No entanto, acrescenta: “Só estarei aqui enquanto os atletas e os pais quiserem que eu esteja. Temos aí jogadores que, dentro de algum tempo, terão que assumir isto. Se gostam realmente de andebol, terão que assumir o clube e nós estaremos cá para os ajudar”. O decano dirigente vai mais longe: “Estamos todos aqui para darmos as mãos, pois este clube é um bom projeto e o andebol também nos merece, porque a modalidade já vai surgindo em sítios onde menos se esperava. O andebol é uma modalidade especular, vale a pena investir nela”.
O clube está já focado no planeamento da próxima época desportiva?
Já iniciámos os contactos e, não estando ainda o plantel fechado, nem nunca estará, porque precisaremos sempre de atletas que venham acrescentar valor à equipa, já temos um bom número de jogadores confirmados. Alguns serão regressos, outros são jogadores vindos da Zona Azul, que recebemos de braços abertos, tal como todos os outros que por aqui passaram. Precisamos todos uns dos outros e eu sempre disse que, no distrito de Beja, devemos estar juntos e nunca separados. É mais o que nos une do que o que nos separa. Como a Zona Azul, esta época, não fará equipa de seniores, convidámo-los e alguns aceitaram. A época será muito longa e o plantel não pode ser muito reduzido.
O Serpa passou recentemente pela II Divisão Nacional, portanto, as dificuldades são conhecidas…
Sim, realmente a II Divisão, para nós, não é nada inédito. Estivemos lá dois bons anos, a primeira época foi excecional, a segunda correu menos bem, também fruto de alguma inexperiência de muitos jogadores mais jovens num plantel “curto”, e descemos de divisão, mas isso é mesmo assim, uns descem, outros sobem, só os ditos grandes é que ficam lá mais tempo. Estamos preparados para as dificuldades, conhecemo-las e o clube está financeiramente equilibrado. A nossa principal preocupação é que temos um plantel bastante jovem, alguns ainda juvenis, que vamos incluir na equipa principal. Mas é assim, não temos nenhuma fonte de recrutamento aqui à nossa volta, como os clubes de Lisboa que têm mais facilidade em fazê-lo. Fomos só à Zona Azul, pela circunstância, que já referi, de este ano não competirem em seniores.
O campeonato inicia-se a 25 de setembro e a Taça de Portugal no dia 5 de outubro, os objetivos serão necessariamente diferentes?
Na Taça de Portugal procuraremos fazer melhor do que na época passada, em que ultrapassamos as duas primeiras eliminatórias. Depois calhou-nos um adversário mais forte e ficámos na terceira eliminatória. O objetivo é fazer melhor e, se tivermos essa sorte, que nos calhe jogar aqui com um dos clubes grandes. O resultado desportivo será um, mas o resultado em termos de promoção da modalidade e do clube será mais prestigiante. No campeonato queremos repetir o que aconteceu na tal primeira época em que fizemos uma prova tranquila, que nos permita mantermo-nos duas ou três épocas, pelo menos, na II Divisão. Temos estruturas suficientes para que isso aconteça, temos uma base de trabalho que poucos clubes do sul possuem. Não me parece que não estejam reunidas as condições para a nossa manutenção.
Competirão com o Évora Andebol Clube, que está geograficamente mais perto, o resto são clubes da grande Lisboa e os Marienses, dos Açores …
Sim, é um patamar que exige mais recursos financeiros e, naturalmente, mais apoios. A concretizar-se a manutenção dos Marienses, dos Açores, nesta série, a ida ao seu pavilhão esgotará logo à partida uma série de recursos que podiam ser diluídos ao longo da época. Depois temos o Lagoa e o Évora que serão os clubes mais próximos e que nos permitirão saídas mais económicas. As restantes deslocações obrigam o clube a um esforço financeiro elevado, em termos de transportes e de toda uma logística mais dispendiosa. Estamos também a reforçar a estrutura diretiva, passámos de uma comissão administrativa, que vinha de há duas épocas, para uma direção completa e, por isso, temos que agradecer a todos o contributo que lhes é possível dar.
Será prematuro falar mais objetivamente do plantel, porque está em construção, mas confirma-se a permanência do técnico Manuel Ramos?
Sim, o Manuel Ramos ficará novamente como treinador dos seniores e, em termos de reforços para o plantel, podemos avançar que, em princípio, contaremos com um jogador que virá do Cister de Alcobaça, atleta com algumas provas dadas e que está comprometido connosco. Mas todos os que quiserem vir ajudar-nos serão sempre bem-vindos.
O regresso à II Divisão Nacional não fragilizará o vosso projeto na área da formação?
O nosso projeto está focado, principalmente, na formação. Estivemos longos anos só a fazer equipas de formação. Somos campeões nacionais da II Divisão de iniciados. O atual plantel vive muito à custa desses atletas e ainda bem. Portanto, a formação é essencial, é praticamente um pilar deste clube. Sem formação não haverá equipa de seniores. No dia em que não tivermos condições para manter os seniores, voltaremos ao que fizemos há uns anos, regressaremos apenas à formação. Temos que trabalhar nesta base, veja-se o caso da Zona Azul que está numa situação semelhante. Outra situação que nos preocupa é a questão dos treinadores, porque vão escasseando. Nem toda a gente quer saber do andebol, isto não dá dinheiro e sem treinadores não existirão equipas, não haverão jogos.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt/
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