O dirigente Bruno Helena, grande mentor da organização da Feira Ibérica de Columbófila, que se realizou na cidade de Beja, está de saída da presidência da associação distrital. Hélio Cataluna pode ser o sucessor.
Texto Firmino Paixão
Uma das grandes bandeiras dos mandatos de Bruno Helena, na presidência da Associação Columbófila do Distrito de Beja, foi a promoção e valorização da modalidade. Na hora da anunciada despedida, o dirigente avalia positivamente esse objetivo: “Acho que essa foi uma meta que conseguimos atingir, a promoção e valorização dos nossos columbófilos foi plenamente conseguida, mesmo a nível nacional. Fomos a associação que mostrou sempre ideias inovadoras e abriu um caminho para valorizar os columbófilos do nosso distrito e a columbofilia distrital. Sairei de consciência tranquila, por ter dado o meu contributo, dei o meu melhor e tive uma grande ajuda, porque conseguimos construir uma direção muito forte”.
Terminou a campanha desportiva 2021. Face ao momento que vivemos, foi uma campanha normal ou foi a possível?
Foi uma campanha normal. É evidente que a pandemia veio alterar alguns procedimentos em termos de encestamento, mas as coisas acabaram por decorrer naturalmente.
A redução de provas no calendário inicial retirou alguma competitividade à campanha?
Não, pelo contrário. Acho até que acrescentou mais competitividade. Como iniciámos a campanha mais tarde, os columbófilos, ali naquela fase inicial de inverno, têm sempre menos tempo, por causa da luz solar e da menor extensão do dia, porque 90 por cento dos concorrentes são trabalhadores e, às oito da manha já têm que estar ao serviço e às seis da tarde já é de noite. Isto, normalmente, acontece na parte inicial da campanha. Por isso, o facto de termos iniciado as provas um pouco mais tarde, acrescentou alguma competitividade entre as colónias de pombos.
Participaram cerca de 200 columbófilos entre as duas zonas, norte e sul. É um número aceitável?
Sim, até temos vindo a subir o número de columbófilos e de pombos e a tendência será para aumentar um pouco mas, atendendo a estes tempos difíceis, acho que temos feito um trabalho com grande dignidade. Os columbófilos fazem a sua parte, mas a direção tomou muitas medidas no sentido de existir uma maior adesão dos columbófilos. Por exemplo, deixámos de cobrar quotas associativas, e isso tem um peso enorme no orçamento, certamente que, para os columbófilos, não será muito dinheiro mas, para a associação, estamos a falar na ordem dos 10 mil euros que, em quatro anos, não entraram nos cofres. E outros serviços que eram cobrados, como o envio de SMS, também foi deixado de cobrar e mantivemos os preços ao longo de três anos, só no último é que aumentámos, residualmente, os preços dos pombos.
Perderam-se muitas aves durante a última campanha?
Nesse aspeto foi uma campanha difícil. Tivemos muitas dificuldades em realizar soltas. Este ano, o tempo ao fim de semana não nos ajudou, tivemos que alterar provas em muitas semanas, foi de facto uma campanha difícil, a instabilidade meteorológica foi muito adversa e quando isso acontece é normal que existam mais perdas de aves. Foi uma campanha dura, mas não se pode escolher o tempo no dia de cada prova… a meteorologia é que dita as dificuldades das provas e, realmente, este ano, tivemos uma campanha muito dura.
E os resultados finais da campanha, que análise faz deles?
De uma forma global, os resultados mostram que estamos a evoluir bem. Nota-se maior competitividade entre as colónias. No passado existia uma hegemonia de dois ou três columbófilos e hoje as coisas já não são bem assim. Os campeonatos estão divididos, nota-se muito bem nas classificações… os columbófilos já se vão especializando mais nas diversas disciplinas. Hoje temos uma panóplia enorme de columbófilos de grande nível, que podem vencer em qualquer especialidade.
Não houve surpresas, terão existido é columbófilos que, finalmente se conseguiram afirmar?
O nosso distrito tem hoje muito bons columbófilos e, num lote de 10 ou 15, qualquer um pode vencer, devido a este ou aquele detalhe. Tivemos concorrentes com muito boas prestações. Não gosto de individualizar, mas sempre digo que esta foi uma das campanhas mais competitivas dos últimos anos.
Este ano vai realizar-se a gala para a entrega de prémios?
Estamos à espera de ver o que a pandemia nos permite fazer. Teríamos todo o gosto em fazê-lo, aliás, tem sido apanágio desta direção organizar eventos de grande nível mas, infelizmente, devido à pandemia, não o conseguimos fazer nos últimos tempos, nomeadamente a Feira Ibérica, que era o grande marco desta direção, porque dava muito visibilidade à columbofilia, não só nacional, mas internacional. Estava a dar uma grande projeção aos nossos columbófilos e à nossa associação. Beneficiámos muito com isso, e esse seria o sítio certo para entregarmos os prémios, mas assim, ainda não está decidido o modelo que adotaremos. Mais adiante, um pouco antes das eleições para os novos órgãos sociais, veremos como poderemos fazê-lo.
Portanto, está fora de hipótese a realização, este ano, de mais uma edição da Feira Ibérica?
Será praticamente impossível fazê-lo, nem temos nada alinhavado. Quem ficar na associação, espero que continue com este projeto da Feira, que é uma mais-valia para a modalidade e porque também temos tido todo o apoio da autarquia, que nos cede o espaço e nos concede alguns incentivos e nós, claro, proporcionamos o retorno com a vinda de muitas pessoas de fora para visitarem a cidade.
Acaba de deixar registo de que não será candidato a um novo mandato…
É uma decisão pessoal e irreversível. Não é por me sentir mal, pelo contrário, tenho sido acarinhado pela maior parte dos columbófilos, mas, depois de dois mandatos, acho que chegou a hora de dar lugar a outras pessoas. Não gosto de ver, noutras instituições, as pessoas agarradas ao poder, também não iria gostar de me ver nessa situação. Mas sei que existem movimentações do columbófilo Hélio Cataluna, de Serpa, no sentido de formar uma lista de candidatos.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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