sábado, 4 de setembro de 2021

Milfontes associa psicologia ao desporto e isso foi uma aposta ganha

 

O Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) certificou, pelo segundo ano consecutivo, uma candidatura do Clube Desportivo Praia de Milfontes ao programa Bandeira da Ética. O projeto “Fora de Jogo ao Bullying” promove o respeito pelos valores éticos, através do desporto.

 

Texto Firmino Paixão

 

O projeto “Fora de Jogo ao Bullying” contou com a participação do Gabinete de Psicologia do Clube Desportivo Praia de Milfontes, através do psicólogo do clube, Marco Bastos Nunes e do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Milfontes, na pessoa da também psicóloga Tânia Vieira. O projeto do Clube Desportivo Praia de Milfontes foi, uma vez mais, alicerçado nas atitudes comportamentais e de valores (pessoais, interpessoais e cívicos) que se podem potenciar através do desporto, e pretendeu intervir no clube, na escola e na comunidade local, como nos contou Marco Nunes, psicólogo do clube.

 

“Acima de tudo, isto não é um projeto ou uma certificação isolada, isto faz parte de um trabalho continuado que tem vindo a ser realizado de há três épocas para cá e, portanto, esta é mais uma das etapas que nós vamos atingindo, mas sempre com o pensamento num trabalho a médio prazo e, acima de tudo, consistente e continuado”, sublinhou.

 

A promoção dos valores do desporto é algo que está no ADN do Clube Desportivo Praia de Milfontes?

Sim, na verdade o Clube Desportivo Praia Milfontes, para além do relevo que tem ao nível distrital no aspeto desportivo, pauta-se por preocupações de âmbito social transversais a toda a sociedade, e, logicamente que, neste caso, os valores éticos do desporto não serão exceção.

 

Como se caracteriza o projeto “Fora de Jogo ao Bullying?

O título “Fora de Jogo ao Bullying”, em si, diz muito acerca do projeto. Mas nós, este ano, temos aqui, de facto, uma inovação em relação à candidatura anterior. Temos uma parceria com o Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Milfontes. Para nós é essencial esta ligação, quer à escola, quer à comunidade mas, acima de tudo, ao meio escolar, porque muitos dos nossos atletas são estudantes, portanto, faz todo o sentido esta ligação à nossa comunidade escolar.

 

O Clube Desportivo Praia de Milfontes quer sair do espaço físico que o limita para intervir socialmente lá fora, junto da comunidade local? É uma missão…

Exatamente, o desporto em geral e o futebol em particular, e isto é um dado adquirido, têm impactos muito relevantes na sociedade, nas comunidades, e nós queremos usar essa capacidade de impacto para transmitirmos, lá está, valores e ideias que possam ser úteis, não só na vida desportiva dos nossos atletas, mas também lá fora, junto da nossa comunidade.

 

O Agrupamento de Escolas acolheu bem esta iniciativa do clube?

O Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Milfontes, desde o primeiro momento, mostrou-se bastante entusiasmado. Mostraram uma disponibilidade enorme, quer a nível da sua direção, quer a nível da minha colega Tânia Vieira, a psicóloga do Agrupamento. Conjuntamente, encetámos uma série de ações de formação no 1.º ciclo, portanto, fica desde já o nosso agradecimento. A situação evoluiu de tal forma bem, que já é ponto assente que, para a próxima candidatura, no último trimestre deste ano, iremos candidatar-nos novamente mas, desta vez, em conjunto com o Agrupamento.

 

Qual o universo a quem chegou e ainda chegará este projeto, além do clube e do Agrupamento de Escolas?

Neste projeto em particular e acreditamos que, também, no projeto que se seguirá, tivemos um contacto com cerca de três centenas de crianças, muitas delas nossos atletas, mas a grande maioria são crianças que, não pertencendo ao clube, são alunos do Agrupamento de Escolas. Fizemos também questão de fazer chegar esta mensagem ao maior número de crianças e das suas famílias.

 

Sentiu sinais de que a mensagem terá sido eficazmente compreendida pelos recetores?

Claro. O processo de comunicação também diz um bocadinho isso, é preciso existir uma boa compreensão da mensagem pelo recetor. O que lhe posso dizer é que houve dois momentos de avaliação. Um primeiro momento foi a receção e a interação das crianças, e os trabalhos que foram depois produzidos com base neste projeto, porque eles, mais adiante, desenvolveram trabalhos sobre os temas que foram abordados. Esse foi um momento de avaliação muito positivo. Mas a avaliação feita pelo Agrupamento também foi extremamente positiva, o que leva a que esta parceria se desenvolva no futuro.

 

Os miúdos que o clube chama de “geração praia” estão mentalmente mais fortes? Crescem, nessa área, em paralelo com o desenvolvimento desportivo?

Sabe, essa é uma resposta difícil de lhe dar. O que lhe posso dizer é que nós temos um trabalho continuado. Vamos supor que uma criança entra aqui aos cinco ou seis anos e faz connosco todo o seu percurso. O objetivo é que tenha não só um acompanhamento técnico, físico e motor, mas também a nível psicológico e social. Naturalmente que este trabalho contínuo dará os seus resultados daqui a uns anos. Supõe-se que haverá um acréscimo de qualidade no desenvolvimento comportamental das crianças e no seu percurso de valorização desportiva. Um dos pressupostos do clube é que entendemos os nossos atletas, em primeiro lugar, como homens e mulheres e depois, em segundo lugar, como desportistas.

 

Que reconhecimento tem existido das instituições locais por estas iniciativas tão relevantes do Clube Desportivo Praia de Milfontes?

Não posso dizer que existe um reconhecimento formal. Há um reconhecimento de ocasião que nos é dado. Mas, sinceramente, quer o município, que a junta de freguesia, nunca fizeram um reconhecimento formal sobre estas atividades e estes projetos que temos levado a cabo. E estamos um pouco sozinhos, sentimo-nos um pouco isolados. Gostaria que os apoios surgissem, mas o reconhecimento do nosso trabalho levaria a que a mensagem chegasse a mais público, chegasse mais longe. E quando falo no reconhecimento das entidades oficiais é no sentido de elas também serem o veículo de transporte da nossa mensagem, quase como se de um parceiro se tratasse.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt/

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