domingo, 20 de fevereiro de 2022

Bola de trapos, edição de 18/02/2022 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Morreu o Casaca, um senhor do atletismo
O atletismo bejense ficou mais pobre! Morreu, no passado dia 11 de fevereiro de 2022, Joaquim António Casaca da Costa, tinha 71 anos, era natural de Nossa Senhora das Neves, e foi um dos grandes impulsionadores da implementação da modalidade em Beja. Atrevo-me em dizer que o Casaca terá sido mesmo um dos enormes senhores do atletismo bejense. O gosto pelo universo das corridas corria-lhe nas veias. Recordo o seu trajeto desportivo que honrou literalmente o mundo do atletismo, uma circunstância à qual se dedicou de alma e coração. Conhecia o Casaca desde os tempos em que fomos alunos da antiga Escola Industrial e Comercial de Beja, hoje D. Manuel I, pois somos moços da mesma geração, sendo que já nessa altura se via nele uma preferência pelo cosmos das correrias. Aliás, o seu currículo é deveras surpreendente: foi atleta, dirigente e treinador. Afirmou-se, ainda, como um dos colossais incitadores para a fundação do Beja Atlético Clube. O Casaca jamais virou as costas à luta para a fundamental afirmação do emblema daquela simpática agremiação, não só no que concerne à dimensão regional, como nacional. Para além de funcionário público, trabalhou ao longo da sua vida no Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, foi também um homem que desinteressadamente se dedicou ao associativismo desportivo. Já com idade madura, regressou à escola, mas como estudante no ensino superior, licenciando-se em Turismo. Depois, agarrou-se aos conhecimentos adquiridos e ei-lo a lançar-se no mundo da escrita. Editou várias obras cuja finalidade passava explicitamente por dar a conhecer a essência biográfica de Beja. Recordo uma bela manhã em que me cruzei com o Casaca em plena Portas de Mértola e ele falou-me do projeto que tinha entre mãos, dando-lhes, a seu pedido, as minhas singelas dicas para a concretização do propósito por ele pretendido, enviando-o para uma editora que acabou por lhe lançar as suas várias obras. Neste contexto, o seu sonho tornou-se realidade, sendo as visitas guiadas a Beja com o Primo Daniel, um dos seus passatempos preferidos. Revejo a simplicidade do Casaca à frente de um grupo de pessoas, gentes portuguesas e estrangeiras que visitavam a cidade, debitando saberes sobre a velha Pax Júlia, levando os forasteiros a locais históricos de uma urbe onde coabitaram outrora civilizações transversais. Morreu um homem que considero demasiado grande no universo do atletismo em Beja. Mas a vida, sendo-nos por vezes madrasta, aconselha que não esqueçamos que existem nomes no palco desportivo que jamais cairão no limbo do esquecimento. E tu, Casaca, serás certamente um deles. O atletismo, onde foste grandioso, ficar-te-á grato pela tua generosa dedicação. Até logo, amigo!

Fonte: Facebook de Jose Saude.

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