José Saúde
Mina de São Domingos
É no silêncio que teima em coabitar em paredes que me rodeiam, que divago sobre um passado que ficou enumerado em memórias e que paulatinamente se evaporaram na infinidade de um horizonte, onde os mistérios teimam em lisonjearmo-nos com ávidas recordações. Recorro ao universo desportivo e dou por mim a elaborar mais uma crónica e que tem como cândido encantamento a Mina de São Domingos. Em cada recanto daquele local existem resquícios de saudade. Na labuta quotidiana de antigamente, e travada à força de braços de homens que se entregavam à árdua labuta nas entranhas da terra na procura do minério, existem espaços desportivos que nos fazem reviver épocas áureas do São Domingos Futebol Clube. O decrépito campo de jogos Cross Brown, dantes palco de tardes de fulgor futebolístico, lá continua imune às opções que o homem, com garra, persista em apadrinhar. Longe vão os tempos em que os ingleses, funcionários da firma Mason and Barry, deliciavam a plebe com a sublime arte do jogo da bola. Narra a história que o futebol chegou ao povoado em 1918, sendo Manuel Revez Pereira um dos seus grandes impulsionadores, fundando-se, então, o Guadiana Foot-Ball Club, com sede numa das ruas do Bairro Alto. Tendo em conta a rivalidade existente entre adeptos do Benfica e do Sporting, eis que deu à estampa o São Domingos Foot-Ball Club, um grupo formado na base de aficionados benfiquistas. A sede do São Domingos fixou-se na Casa dos Ingleses, onde se mantém. Numa observação aos tempos idos, constata-se que o Guadiana equipava à Sporting e o São Domingos à Benfica. Todavia, a intensidade clubista vivida, encarregar-se-ia em fazer do São Domingos o emblema mor que ficaria para a posterioridade. Do lote de craques que nas décadas de 1940 e 1950, designadamente, elevaram o nome do lugarejo, assim como de um grémio que deu brado em solo lusitano, cito Alfredo Valadas e Domingos Lopes, jogadores que atingiram o padrão de internacionais A. É óbvio que foram muitas as estrelas que brilharam a nível nacional e além-fronteiras que tiveram como origem a emblemática agremiação da Mina. Por isso, limitar-nos-emos em recordar aquelas tardes em que a Mina de São Domingos fora anfitriã de múltiplos prazeres, principalmente quando a equipa militou na II Divisão Nacional. Mas, para lá do futebol, onde multidões de gentes vindas de terras vizinhas marcavam a sua assídua presença, pela estrada alcatroada passeavam airosas moças que deixavam os forasteiros completamente surpreendidos. Hoje, vive-se de indubitáveis recordações, dos embates da bola no seu auge, sendo lícito aplaudir o historial de um grémio, fundado a 15 de agosto de 1920, e que muita alegria deu à região. Tempos inolvidáveis, mas marcados por um enorme sentimento de nostalgia!
Fonte: Facebook de JOse Saude
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