A Associação de Voleibol do Alentejo e Algarve tem desenvolvido um trabalho notável na promoção e no desenvolvimento da modalidade. Tem-no feito com uma inesgotável vontade, mas com um mínimo de recursos humanos, mas ainda existe um longo caminho para percorrer.
Texto Firmino Paixão
Ruben Lança é o diretor técnico regional da AVAL -Associação de Voleibol do Alentejo e Algarve. Tem sido ele o pivô de uma equipa reduzida, mas empenhada em levar a prática do voleibol aos quatro cantos da região sul do país. Uma tarefa hercúlea, assente no excelente trabalho que os clubes filiados na AVAL também tem vindo a desenvolver, não obstante as dificuldades conjunturais dos tempos que atravessamos.
Como tem decorrido a época desportiva?
Tem sido uma época muito desgastante, estamos a falar de mais de duzentos jogos nos escalões de formação e em seniores, algo que nunca tinha acontecido nesta Associação, apesar da pandemia. Foi algo que nos surpreendeu, mas é importante referir que os clubes têm feito um trabalho fantástico. Tem sido uma época muito boa em termos de formação, se calhar, terá sido dado algum passo atrás, algo que é transversal a todas as modalidades, porque temos algum défice em alguns escalões, alguma dificuldade a nível evolutivo mas, por outro lado, temos muitos atletas, muitas equipas, todos os escalões a competir nos respetivos campeonatos e, pela primeira vez, chegaremos a maio ainda com os campeonatos indoor em atividade, o que, para nós, é um sinal claro de que a modalidade está a crescer.
Segue-se uma intensa atividade na variante de ar livre?
Sim, agora só já paramos em agosto, depois destes momentos de indoor. Mas temos que realçar também aqui um projeto que se iniciou há dois anos e depois ficou complemente parado, que é o minivoleibol, ações onde temos conseguido reunir mais de uma centena de miúdos, entre os seis e os treze anos, a competir. Um projeto muito importante que, reconhecíamos, estava em défice na região sul, mas que é fundamental para a modalidade. Depois começaremos o ar livre, a praia, e estamos a falar de oito etapas, quatro de ar livre, quatro de praia, vamos percorrer o Alentejo e o Algarve, numa atividade que nos manterá ocupados entre maio e agosto. O crescimento tão rápido e sustentado da modalidade era algo impensável.
Tem existido um trabalho notável da Associação?
Se o crescimento não fosse mesmo sustentado numa base forte da formação nós, eventualmente, conseguiríamos andar duas ou três épocas com equipas de seniores a um nível elevado e depois desaparecia novamente a modalidade. Mas estamos a falar de uma associação que vai para onze anos de existência e que, desde a sua formação, tem feito um trabalho de base. A prova disso é que, nos últimos quatro a cinco anos, temos conseguido ter quase todos os escalões em atividade e continuamos a formar atletas para equipas seniores, algo que nos orgulha, porque conseguimos que atletas saídos na nossa região cheguem a outros clubes nacionais, de norte a sul do país, e se imponham nas equipas. Essa é outra prova do bom trabalho que se tem realizado nos clubes e, claro que sim, na Associação, naturalmente que também terei que defender a nossa parte porque temos feito de tudo para que o voleibol na região tenha conseguido ter a relevância que já tem.
Qual é a vertente que tem mais peso no voleibol regional, o ar livre ou o indoor?
Neste momento o indoor tem um peso tremendo. Há pouco tempo, quatro a cinco anos, o ar livre era dominante, tínhamos campeonatos com três e quatro equipas. Neste momento, tendo em conta que começamos em outubro e acabamos em maio, sempre com atividades de indoor desde os minis aos seniores, é notório que o indoor ganhou maior expressão, mas a componente de ar livre e praia é muito importante para a captação de novos atletas e para que não exista uma pausa tão grande, como havia há uns anos atrás, entre fevereiro ou março e setembro, porque os campeonatos de indoor terminavam muito cedo. Portanto, fazemos três ou quatro meses de ar livre para captarmos novos atletas e os clubes conseguem tirar muitos dividendos disso, além de que aproveitamos as nossas praias, numa costa fantástica como possuímos.
O crescimento tem sido em número de atletas e de clubes?
Todos os anos têm surgido clubes novos e temos nota de alguns núcleos que estão a iniciar a prática e, provavelmente, se filiarão na próxima época. Como a vertente de ar livre não é federada, alguns clubes aproveitam para entrar na modalidade por aí, depois, no indoor já demoram mais tempo para se filiarem. Mas, na verdade, temos tido um crescimento muito significativo de atletas e de clubes e, na nossa perspetiva, muito honesta, temos andado na área dos vinte clubes, qualquer coisa que era realmente impensável há alguns anos atrás.
Que trabalho tem sido feito para conseguirem esse sucesso?
O papel do Desporto Escolar tem sido fundamental. Anualmente fazemos mais de 30 ou 40 atividades em escolas e depois fazemos a ligação com os clubes. Há agrupamentos escolares mais recetivos do que outros mas, na nossa região, os agrupamentos têm feito um trabalho fantástico. Têm-nos recebido de braços abertos, nós temos deixado as escolas praticamente todas equipadas para poderem lecionar o voleibol como deve ser, e essas atividades que promovemos são fundamentais. Estamos a chegar à barreira do milhar de miúdos que estão ligados ao gira-vólei, que é o nosso programa para as escolas, e temos quase todos a participarem ativamente no projeto, através das atividades que promovemos e depois a saída para os clubes é muito mais fácil. Quando existe vontade, essa ligação entre a escola-associação-clube é possível e pode revelar-se um sucesso.
Que terrenos vos faltam desbravar?
Ainda falta muito. Neste momento temos a noção de que somos uma associação grande mas, ao mesmo tempo pequena em termos de recursos humanos. Temos um técnico a tempo inteiro, outro a meio tempo, que fazem a cobertura de quase metade do país, desde o Alto Alentejo ao Algarve, por isso, não temos conseguido chegar a todos os lados. Mas o nosso objetivo mais premente é o alto Alentejo, é um dos nossos défices. Temos que ir às escolas, aos clubes, temos que trabalhar mais esses núcleos, mas como digo, tendo uma associação grande em termos de praticantes e de clubes, ao nível de recursos ainda precisamos de um pouco mais, mas estamos na luta e acredito que, nos próximo anos, conseguiremos crescer mais.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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