José Saúde
BTT Ferróbico e sua voluntariedade
Parafraseando o saudoso Zeca Afonso, sublinho, com ênfase, uma pequena estância de uma das suas muitas canções em que o cantor avocava que “somos filhos da madrugada”, uma dissertação que batia forte no regime do Estado Novo, tendo em linha de conta toda a sequência do conteúdo da cantiga. Hoje, vive-se efusivamente o sentimento da liberdade, onde o desporto, na generalidade, vai subscrevendo páginas de reputações em que todos, sem exceção, se dedicam de alma e coração à modalidade que muito idolatram, reconhecendo-se que os tais “filhos da madrugada” são agora gentes simples onde o odor do desporto é inalado com a merecida justiça. Somos, afinal, pessoas desprendidas nas variadíssimas circunstâncias, onde o cosmos desportivo se alargou nas suas diversificadas vertentes. O BTT Ferróbico, esteve no pretérito sábado, 24 de setembro, de 2022, em grande evidencia. Em Cabeça Gorda solfejou-se o hino do direito em pedalar livremente numa bicicleta que fora trabalhada com minuciosidade, tendo em consideração a dureza da prova que lá marchou campo fora (8 horas da manhã), sendo que os olhares e os cheiros proporcionados aos participantes pela nossa inabalável natureza alentejana, imiscuir-se-iam com a beleza da planície. O atleta, sentado, ou em pé, no selim da sua “máquina” puxou a si estratagemas sobre a inconstância de um traçado cujo impacto físico foi realmente penoso. Neste contexto, a “Ultramaratona” levada a efeito pela Secção de BTT Ferróbico, do Clube Recreativo e Desportivo de Cabeça Gorda, explanou robustez e uma organização perfeita numa manifestação popular desportiva que reuniu cerca de 350 atletas, oriundos de diversos locais do país. Os desportistas saíram de Cabeça Gorda, passaram pela Amendoeira da Serra, Mosteiro, Corte Gafo de Cima e de Baixo, as populações desses lugares saíram à rua e aplaudiram os aventureiros, visitaram o concelho de Serpa, regressaram à margem direita do rio Guadiana e, aos poucos, lá retornaram ao ponto de origem, depois de percorrerem cerca de 136 quilómetros. Não obstante os seus rostos evidenciarem no final um natural cansaço, certo é que à sua chegada esperava-os um almoço/convívio numa sala da Casa do Povo, onde, pelo meio, ficava a conversa sobre as peripécias de uma prova feita sob o calor intenso, mas salutar, restando um dia repleto de agradáveis surpresas. O momento é, literalmente, para ovacionar e aplaudir a secção do BTT Ferróbico pelo seu faustoso empenho numa prova que comprovou uma excelente organização, a que acresce o facto das muitas senhoras que se disponibilizaram com a sua ajuda para concretizar tamanho acontecimento, onde o trabalho, no seu todo, foi, simplesmente, notável.
Fonte: Facebook de JOse Saude
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