sábado, 21 de janeiro de 2023

Bola de trapos, edição de 20/01/2023, no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Corridas
Num reviver de memórias que jamais se apagarão em pensamentos que conservam ainda compreensíveis atitudes de crianças que se espraiavam pelas modalidades desportivas existentes, há pormenores que o nosso ego preserva e que nunca serão esquecidos. Escrevo sobre o mágico universo das corridas. E se esse portador mágico é um extemporâneo lógico que ousa em admitir que o voo das aves, com os seus faustosos chilreares, continuam a saltitar por entre os ramos das árvores simbolizando o global sentimento da liberdade, tal como a água que corria outrora num pequeno riacho onde o seu suave deslizar se afirmava como uma infalível independência livre, seguindo o caminho que a Natureza lhe havia traçado, nós, miúdos, éramos endiabrados pequenos seres onde o mágico afeto das corridas ditava eloquentes contentamentos desportivos. Não existiam as condições agora constatadas, a rapaziada corria, lado a lado, com os amigos, alguns descalços, outros, com botas cardadas, outros com sapatos “finos”, existindo ainda quem calçasse a tal sapatilha, de marca branca, mas que se apresentava, para ele, como sinal de cobiça para com os restantes condiscípulos. Os “equipamentos” recreavam-se nas vestes que cada um no momento envergava. Veio, depois, mas só para alguns, as idas para os ensinos secundários, existindo a disciplina da educação física, vulgo ginástica, mas aí o rapaz já tinha um calção branco, uma camisola também branca, sem mangas, e umas sapatilhas, de preços acessíveis, que duravam para toda a época escolar. As corridas subsistiam, mas sob a chancela da antiga Mocidade Portuguesa. Presentemente, o mágico das corridas é suportado de uma forma inigualável aos tempos de antigamente. Neste contexto, deram à estampa novos clubes, alguns estritamente ligados ao atletismo, outros que implementaram a modalidade de forma eficaz, o número de atletas federados disparou, a competição é sustentada com regras, as coletividades dimensionaram-se, sendo que o homem se apaixonou pela substanciosa componente das corridas. Atualmente, os domínios mágicos das corridas proliferam e a sua afirmação é, de facto, excecional. Aliás, a componente do atletismo ampliou-se gigantescamente por todo o cosmos terrestre e a sua competitividade rotula-se, agora, com a nota do excelente. Trabalha-se o atleta ao pormenor, usufrui-se do objetivo em alcançar novos tempos nas provas onde cada um participa, enfim, uma série de circunstâncias que nos conduz à inegável certeza que atletismo, o profissional, merece a nossa plena atenção. Veja-se as corridas em finais de cada ano que se multiplicam por este mundo fora, onde participam milhares de atletas profissionais e também amadores, pessoas que trabalham, outros que se encontram aposentados, mas que fazem da modalidade do atletismo um dos seus enormes prazeres desportivos. Este júbilo foi, é e será o divino bem-estar que o mágico das corridas nos vai presenteando!

Fonte: Facebook de Jose Saude

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