sábado, 28 de janeiro de 2023

Bola de trapos, edição de 27/01/2023, no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Morreu o Neca
A vida humana é uma ténue passagem por este planeta Terra onde, inevitavelmente, todos temos os dias contabilizados, ou seja, nascemos e morremos. Morreu João José Serra Neca, um antigo jogador de futebol que nasceu a 6 de outubro de 1945, em Serpa. O Neca, nos anos de 1950, na urbe que o viu nascer, foi um rapazito que evidenciou logo cedo o jeito para o jogo da bola, integrando o grupo de moços do bairro do Forte, tendo então como adversários a moçada da Cruz Nova, do caminho-de-ferro ou a malta da rua dos Arcos. A curiosidade desses derbies centrava-se no facto que os jogos eram disputados nas eiras. Em 1962 o Futebol Clube de Serpa formou uma equipa de juniores onde alinhavam jovens oriundos da povoação e o Neca incluiu-se nesse lote de ilustres desconhecidos que na época de 1962/1963 se sagraram campeões distritais e carimbaram o passaporte para disputarem o campeonato nacional da Federação Portuguesa de Futebol. Para memória futura aqui ficam registados alguns dos nomes desse famoso conjunto: Favinha, Falé, António Carlos, João Baião, Mário Frade, Rações, Zé Guilherme, Hélder Piçarra, Bento Ferreira, Neca e Noé. Após quatro épocas ao serviço do grémio serpense, ei-lo a ingressar no Desportivo de Beja, um emblema onde permaneceu outras tantas temporadas. Na agremiação bejense teve, nesses tempos, como companheiros de balneário o Nói Alves, Zé Mário, Quinito, Baiôa, Horta, Silvino, Joaquim Madeira, Zezinho e Azumir, de entre muitos outros condiscípulos nas lides futebolísticas. Na época de 1969/1970 transferiu-se para o Despertar que disputava o Campeonato da III Divisão Nacional, uma vez que, segundo ele, “as exigências do Desportivo eram outras, o clube tinha uma equipa com muitos profissionais casos do Rodrigues Pereira, Saúl, Zeca, todos eles ex-Vitória de Setúbal, Brito, ex-Lusitano de Vila Real de Santo António, Palma, ex-Benfica e Saúde, ex-Sporting, craques que não deixavam espaço a quem quisesse conquistar um lugar no 11”, sendo esta a razão básica que o levou a deixar o Desportivo. Nas hostes despertarianas, comandada tecnicamente pelo mítico Manuel Trincalhetas, proliferavam jogadores da cidade, como o Vaz Lança, Quinelas, Barbas, Tói Lança, Zé Manel Serrano, Bita, Caramba, João Rosa, Zé Romão, Ildo, Manel Pena e outros. Mas como diz o velho adágio popular que “o bom filho à casa volta”, Neca, já com uma vasta tarimba acumulada, regressou ao FC Serpa para consumar uma jura que tinha feito ao seu grande amigo António Cigarrilha e que literalmente cumpriu. Nessa época o Serpa foi campeão, fazendo parte da equipa os gémeos Rações, Lobo, Carlos Malveiro, Manel Baião, Favinha, Eurico, Zé Pires, Rebocho, Falé, Toni e Manel Macarrão. Mais tarde foi dirigente da Associação de Futebol de Beja e do conselho de arbitragem e, simultaneamente, a sua voz fez-se ouvir no cante alentejano. Agora, o Neca partiu para eternidade. Paz à sua alma!
Fonte: Facebook de Jose Saude

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