sábado, 25 de março de 2023

40.ª Volta ao Alentejo em Bicicleta liga hoje Vendas Novas a Estremoz

 

Um património da região
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Luke Lamperti, corredor da formação Trinity Racing, foi o primeiro a envergar a “Camisola Amarela Crédito Agrícola”, símbolo de líder da geral individual da 40.ª Volta ao Alentejo em Bicicleta, competição que rola nas estradas da região desde a última quarta-feira.

 

Texto Firmino Paixão

 

A Volta ao Alentejo em Bicicleta, tida como a maior competição desportiva que se realiza na grande região alentejana, deu as primeiras pedaladas na passada quarta-feira, desde o parque da Cidade, em Beja (onde se cumpriu um minuto de silêncio em memória do comendador Rui Nabeiro), com destino à avenida 25 de Abril, na vila de Ourique, e foi aí, em pleno coração da “Capital do Porco Alentejano”, que o corredor Luke Lamperti (Trinity Racing)  foi laureado como primeiro líder da geral individual desta edição da “Alentejana” que, ao final da manhã de hoje deixará a cidade de Vendas Novas em direção a Estremoz.

 

Nesta sexta-feira, terceiro dia de prova, o desafio proposto ao pelotão será uma tirada com a extensão de 191,4 quilómetros, a mais extensa do certame, com início em Vendas Novas e passagem por Montemor-o-Novo, com a caravana a fletir depois para sul, atravessando a serra do Monfurado, onde está traçado o primeiro ponto orográfico da tirada, uma contagem de montanha de quarta categoria. A corrida passará ainda por Alcáçovas, uma tradição que homenageia a arte chocalheira, consagrada em 2015 Património Cultural Imaterial pela Unesco.

 

Aliás, por deferência da autarquia alcaçovense, freguesia do município de Viana do Alentejo, todos os ciclistas que vençam etapas são prendados com um vistoso exemplar de um chocalho. Viana do Alentejo terá o primeiro sprint intermédio (meta volante) da etapa e daí o pelotão dirige-se para Portel, onde haverá nova luta pelas bonificações das metas volantes.

 

A caravana rumará então para as imediações de Alqueva, passando pela Amieira, São Marcos do Campo (terra natal do saudoso cavaleiro tauromáquico José Mestre Batista), antes de atravessar Reguengos de Monsaraz, a caminho da vila de Redondo para mais uma contagem de montanha na serra de Ossa.

 

A meta final desta etapa estará traçada na avenida Rainha Santa Isabel, na “Capital do Mármore Branco”, terra que viu os Bonecos de Estremoz igualmente distinguidos, em 2017, pela Unesco.

 

No sábado, penúltimo dia da “Alentejana”, disputa-se a etapa com menor quilometragem, apenas 148,2 quilómetros, durante os quais os corredores irão debater-se com mais três metas volantes e nada menos do que cinco contagens para o prémio de montanha: uma de segunda categoria e quatro de terceira. Será neste percurso entre o Crato e Castelo de Vide, acreditamos, que a corrida poderá ficar decidida.

 

A etapa terá o início na avenida do “Santo Condestável”, na vila do Crato, sede de concelho que, por estes dias, suspirou com o anúncio da futura construção da barragem do Pisão, a concretização de um projeto com mais de sete décadas e cuja conclusão está anunciada para 2026.

 

O pelotão rumará a Alter do Chão, à vista da secular Coudelaria de Alter, altar-mor dos equinos de raça lusitana, para um sprint intermédio em Gáfete e um segundo na cidade de Portalegre, onde as maiores dificuldades começarão a desafiar os trepadores, com o constante sobe e desce da serra de São Mamede. Cabeço do Mouro, São Julião, Porto Espada, Marvão e serra de São Paulo são os grandes desafios com que todos terão de se debater. Aí se verá quem terá pernas para fazer a diferença e, eventualmente, cavar diferenças horárias que acrescentem algum conforto à classificação geral individual, se não arrebatar mesmo o tão cobiçado símbolo de liderança da geral individual.

 

A meta final desta quarta tirada será traçada na vila de Castelo de Vide, terra natal do capitão que com a sua “desobediência” nos ofereceu a liberdade: Salgueiro Maia. Uma terra também marcada por uma grande presença de vestígios de ali ter vivido uma importante comunidade judaica e que, muito recentemente, inaugurou o centro interpretativo histórico-sociológico denominado Casa da Inquisição.

 

A quinta e última etapa da 40.ª Volta ao Alentejo em Bicicleta ligará a vila de Monforte, uma terra com forte tradição e elevada notoriedade tauromáquica, que é Património Cultural e Imaterial de Interesse Municipal, e a cidade de Évora.

 

Será, aliás, a trigésima primeira chegada da prova à cidade Património Mundial, mais concretamente à praça do Giraldo, coração do centro histórico e a sua “mui nobre” sala de visitas. Após a largada da vila de Monforte, ali bem à beira do Itinerário Principal n.º 2, de conclusão eternamente adiada, os ciclistas rumarão a Barbacena, passando por Vila Viçosa e Alandroal (em cujo Fórum Cultural Transfronteiriço ocorreu, há largos dias, a apresentação da prova), seguindo pela vila de Redondo, município que durante alguns anos foi liderado por Alfredo Barroso, um dos grandes impulsionadores e diretor desta corrida velocipédica que, nesta edição, festeja as quatro décadas de existência.

 

Arraiolos receberá a visita da prova proporcionando-lhe, num primeiro momento e a cerca de 26 quilómetros da meta final, a décima segunda e última contagem para o prémio da montanha, esperando-se que nessa altura a atribuição da “Camisola Azul” esteja perfeitamente definida e, mais adiante, a 24 quilómetros e meio da chegada a Évora, a décima quinta e última das metas volantes do certame. A praça do Giraldo será, pois, o palco para a consagração dos diferentes vencedores, os corredores que mais se distinguirem, entre os 125 que coloriram um pelotão de 18 equipas (a Rádio Popular/Boavista autoexcluiu-se da prova na véspera da partida, devido aos recentes casos de doping sinalizados na equipa).

 

Há 40 anos, Paulo Ferreira venceu a primeira edição da “Alentejana”, levando consigo para o pódio Manuel Zeferino (segundo) e Alexandre Ruas (terceiro). Em 2022, a edição trigésima nona da prova foi ganha pelo colombiano Orluis Aular (Caja Rural).

 

A Volta ao Alentejo deteve durante muitos anos o recorde de única prova velocipédica por etapas que nenhum ciclista tinha vencido por mais do que uma vez, uma invulgaridade a que o espanhol Carlos Barbero (vencedor em 2014) pôs termo, conseguindo uma segunda vitória três anos depois.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt

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