quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Respeito pela equipa de arbitragem

O respeito que se deve ter pela equipa de arbitragem por parte de todos os intervenientes, desde jogadores a treinadores passando também pelos dirigentes tem sido um dos temas mais discutidos nos últimos anos nos seminários e formações da UEFA. É uma das principais preocupações no futebol actual. A imagem do árbitro e o que dela transparece continua a ser um ponto a capitalizar e a melhorar a curto prazo.
Um árbitro deve tentar perceber como é visto, qual o feedback que pode transparecer, (positivo, negativo ou completamente neutro), que imagem tem os outros de si para estar preparado. Talvez possamos concluir que no início do jogo tudo esteja bem, não havendo antecedentes marcantes no passado há harmonia entre todos. Quando é que esta acaba? Quando uma equipa se sente prejudicada numa decisão capital! Tudo o que ia bem acaba logo virando um problema.
Também a relação dos adeptos do futebol connosco não é pacífica, criticar um árbitro é um acto banal.
E como é que nós conseguimos explicar às pessoas que temos a certeza que vamos errar, que é inevitável, como transmitir essa mensagem? Quem compreende? Como é que as pessoas podem perceber os nossos erros sem perder o respeito por nós. Nada fácil.
Ninguém aceita ser prejudicado e quando tal acontece mais do que uma vez, é considerada uma perseguição sistemática ao clube e a comunicação social é usada a preceito para cada um se valer das suas razões colocando logo pressão nos próximos jogos como que dando o alerta de que para com eles estão em dívida. Aos árbitros exige-se imparcialidade, idoneidade, justiça, competência e qualidade e não que nunca errem e que acertem sempre nas suas decisões. Humanamente é pouco exequível.
O Futebol não foi inventado pelos árbitros nem para os árbitros, mas não se concebe a sua existência sem a presença destes, isto porque o ser humano não se auto-disciplina quando confrontado com a paixão e com a vontade e a ânsia de vencer. Não existindo um cenário perfeito tem que existir compreensão. O aparecimento do árbitro no jogo foi natural e necessário.
Ganhar ou perder. Ter sucesso ou insucesso. Ser bem ou mal sucedido. Tudo na vida pode ter uma barreira muito linear.
Numa competição o papel do árbitro é, ou deverá sempre ser, secundário. O centro das atenções é o jogador, o artista do espectáculo. Menosprezem no sentido positivo a presença do homem do apito.
É importante uma reeducação das pessoas na sua relação com os árbitros, que muito têm mudado a sua postura e conduta nas últimas décadas. Quer-se mais e melhor. Têm existido mudanças, embora pouco reconhecidas.
Quem perder um jogo, que não se perca também no jogo do respeito!

Dinis Gorjão

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