Em primeiro lugar quero agradecer o convite que me foi endereçado pelo meu amigo prof. Acácio, habitual detentor deste espaço de reflexão, no Blog Desporto em Beja e felicitar a iniciativa, de intenção construtiva, dos autores do blog. Confesso que não sou um leitor assíduo, mas posso constatar que cada vez mais preenche uma lacuna informativa do nosso desporto regional, sempre que consiga manter esta intenção construtiva. Quero aproveitar também, para felicitar os nossos vencedores Despertar e Rosairense e para deixar um abraço especial ao meu amigo João Caçoila esperando que a sua decisão não seja definitiva, porque o futebol distrital e também nacional teria muito a perder sem um treinador de grande qualidade e que tem dado muito ao nosso futebol. Entre alguns dos temas propostos pelo prof. Acácio para esta reflexão, sei que houve um “pressing” para que falasse da minha investigação, já em fase final, mas prefiro guardar para uma próxima oportunidade, já com todas as conclusões do futebol do “Barça” e de outras grandes equipas. Fica a promessa. Assim, falo-vos de outro estudo, aplicado na minha passagem como treinador das Selecções Distritais da AFB. Neste estudo, pude verificar o nível de maturação do atleta seleccionado, ou seja se o seu crescimento físico, com base na altura predita, estava avançado, normal ou atrasado em relação à idade. Com uma clara maioria de jogadores com uma maturação avançada, na selecção de sub-14 da AFB (2009), podemos extrapolar, que uma maior compleição física na prestação do jogador neste contexto competitivo confere-lhe vantagens no confronto directo, ofensivo e defensivo, com o adversário. Essa vantagem influencia indirectamente a escolha desses atletas, muitas vezes em detrimento de outros porventura tecnicamente mais dotados, cujo conceito de talento lhes assenta melhor, mas que no momento e na maior parte das vezes em confronto directo não o conseguem pôr em prática. Como treinador da selecção sul, continuei a observar, desta vez de uma forma mais empírica, uma clara tendência da escolha dos mais altos e mais fortes. Quando acompanhei a selecção sub-21, verifiquei que maior parte do plantel não tinha presenças nas selecções mais baixas, no primeiro processo de selecção, o que nos leva a pensar que muitos dos que são hoje os “mini jogadores de eleição” podemos nunca mais ouvir falar deles e o miúdo franzino que só era convocado quando os “fortes” estavam doentes, esse afinal se persistir pode vir a ser jogador profissional da primeira liga. Os estudos científicos comprovam este facto. Nas selecções o mais importante é a performance do momento, mas nos clubes não podemos esquecer que o processo é de ensino-aprendizagem e que o trabalho é, ou deve ser, a longo prazo sem queimar etapas de desenvolvimento físico e aprendizagem técnico-táctica, porque o jovem atleta está longe de ser um produto acabado, se os clubes tiverem a paciência necessária vão colher os seus frutos. Esta verdadeira aposta qualitativa na formação, é o único caminho do futebol português… resta saber quanto tempo nós todos vamos demorar a perceber isso.
Um abraço.
Paulo Paixão
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