A equipa bejense do projeto “Inclusão pela Arte” sagrou-se campeã nacional de futebol de rua, na cidade de Braga, onde a prova decorreu com a presença de 17 equipas de vários distritos e regiões insulares.
Texto Firmino Paixão Foto Francisco Seita
Centena e meia de jogadores disputou ao longo de cinco dias um total de 44 jogos e, na final, a equipa bejense “Inclusão pela Arte”, treinada por Francisco Seita, bateu a “Geração de Ouro” do Porto (5-4) e arrebatou o título nacional. O torneio foi organizado pela Associação Cais no âmbito do projeto Futebol de Rua, que visa a capacitação de indivíduos em situação de fragilidade e exclusão social, pela via do desenvolvimento de competências pessoais e sociais através da prática desportiva. Francisco Seita, o jovem treinador bejense que integra a equipa técnica da seleção nacional da modalidade, foi também o responsável pelo êxito do conjunto bejense, neste campeonato nacional, mas sublinhou que “os miúdos foram espetaculares e mereceram muito a vitória e este título nacional”.
Só pode estar orgulhoso pelo título nacional que conseguiu?
Fiquei bastante orgulhoso pelo nosso desempenho, quer dentro, quer fora do campo. A cidade de Beja tem estado a evoluir no que diz respeito a esta modalidade de futebol de rua e este título, conquistado em Braga, foi a cereja no topo do bolo.
Numa competição com elevado grau de dificuldade?
Foi um percurso difícil, competimos num grupo que era o chamado “grupo da morte”, no qual tínhamos a equipa de Setúbal, que nos últimos anos tem sido finalista, tínhamos a equipa de Aveiro, que é muito forte, foi campeã há dois anos e finalista no ano passado, ou seja, tivemos que ganhar a Setúbal, Aveiro, e conseguimos vencer o Porto na final, que eram consideradas as três equipas mais fortes da prova.
Quem são estes novos campeões nacionais de futebol de rua?
A nossa equipa é constituída por três ex-internacionais. Temos o Flávio Pereira, que representou a seleção no Rio de Janeiro, temos o Paulo Nunes e o Miguel Oliveira, que estiveram no ano passado ao serviço da seleção na Polónia. Depois temos o Miguel Romão, que é o guarda-redes, o Luís Conceição, o Fábio Pacheco e a irmã dele, que também participou, que é a Jéssica Pacheco, e, por último, o Luís Conceição e o João Baluarte.
Reuniu uma seleção com os melhores valores?
A ideia desta seleção não foi só a escolha dos melhores jogadores, mas tentar difundir o projeto pelos diversos bairros da cidade. O projeto “Inclusão pela Arte” está centrado no Bairro da Esperança. Levando só miúdos desse bairro fecharia um pouco o projeto no bairro, assim, optei por levar três miúdos do Bairro da Esperança, um das Saibreiras, dois do Pelame, um do Bairro Social e um do “Texas”. Esta diversidade teve o intuito de difundir o projeto a todos os bairros sinalizados na cidade e, para o ano, contarmos com maior participação de equipas.
O que representou este título nacional para o treinador Francisco Seita? Para os jovens atletas essa felicidade teve outra dimensão…
Entrei no projeto em 2010, atingi o estatuto de selecionador nacional em 2012 e tenho tentado difundir este projeto o mais possível. Para mim este título é a recompensa pelo trabalho desenvolvido ao longo destes anos. Espero que ajude a desenvolver a modalidade na região e que ajude a ligar um pouco os holofotes para novos apoios e incentivos. O sentimento deles será necessariamente diferente do meu. Por exemplo, temos o Flávio Pereira que se sagrou campeão no último ano em que podia participar no torneio, foi uma despedida em grande. Para mim, que vou continuar no projeto, não será tão especial como foi para ele, que coroou a sua participação com um título.
Que mudanças comportamentais terão os jovens depois de uma experiência tão bem-sucedida, social e desportivamente?
Um triunfo a nível nacional que acaba sempre por mudar alguma coisa e será, certamente, confortante para todos eles. Um sentimento a que se alia a amizade que criaram entres eles e com os jovens de todas as outras equipas, isso deixa sempre qualquer ser humano mais rico com a experiência que daí advém. Não se trata só de um projeto desportivo, tem toda uma vertente educacional, social e em cada campeonato que participam acabam por vir mais ricos como pessoas.
Um sucesso não dissociável da sua experiência enquanto selecionar nacional?
Os jogadores são eles, se calhar eu terei alguma vantagem em relação aos outros técnicos porque tenho mais experiência na tática e nos métodos de treino. Tenho o estágio da seleção, experiências mais intensivas e enriquecedoras que me dão mais alguma bagagem relativamente aos outros técnicos, que me ajudou a conquistar este título
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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