sexta-feira, 26 de junho de 2015
“Vão no meu coração...”
Os relógios batiam as sete menos um quarto de uma sexta-feira quente, com os termómetros a beijar os 40 graus. Tudo a postos para que se iniciasse o III Moto Convívio do Grupo Motard de Beja ¼ Prás 7.
Texto e fotos Firmino Paixão
O dia de acolhimento é sempre o mais importante, é aquele que marca, positiva ou negativamente, uma organização. Diz-se até que “não existe uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão”. O programa era prometedor, música rock temperada com cantares alentejanos, exposições e jogos tradicionais para animarem o convívio e despertarem a sede aos visitantes. Foram 46 diferentes organizações motards que fixaram as coordenadas para o Parque de Merendas da cidade de Beja, que os acolheu durante três dias. E essa até foi uma das grandes novidades desta edição do convívio, a extensão para três dias, revelou Joaquim Guerreiro, o presidente do grupo anfitrião: “Queremos sempre fazer melhor do que no ano anterior e foi nessa perspetiva que o convívio deste ano já teve três dias, mesmo sabendo que a sexta-feira é um dia muito crítico, sobretudo em final de mês, mas tivemos uma boa adesão”. Uma participação que superou as edições anteriores. Por isso, Joaquim Guerreiro confessou que “estamos muito orgulhosos por essa razão, porque somos um grupo relativamente novo e constatarmos que temos tanta aceitação das pessoas é algo de muito gratificante, algo que nos deixa muito felizes”.
Cada convívio será melhor que o anterior, é o lema da organização que recebeu representações de todo o Alentejo, de vários pontos do Algarve, da Grande Lisboa e até de Leiria, o que levou o dirigente a afirmar que “satisfaz-nos imenso essa representatividade e a presença de tantos amigos de terras distantes; atravessar o Alentejo com temperaturas tão elevadas só se justifica por gostarem do convívio e por se sentirem bem entre nós, esse é o verdadeiro espírito motard”.
Entre as novidades do certame destacaram-se um bike-show e a exposição de modelos clássicos. “São pormenores que vamos tentando acrescentar, ao longo dos anos temos que inovar com melhores atividades, para que as pessoas que aqui vêm não encontrem sempre a mesma coisa”, sublinhou o líder do grupo bejense, tecendo também um agradecimento aos proprietários dos modelos expostos, pela disponibilidade revelada em colaborar com a organização. E salientou: “são modelos muito interessantes, são motos muito especiais e com um grande valor que, seguramente, são tratadas com muito carinho e que vieram valorizar o nosso convívio”.
Sábado, ao cair da tarde, com os ponteiros nas 18 e 45 horas, cerca de uma centena de motos ronronaram em escape livre, uma celebração eminentemente motard, de saudação à cidade e de homenagem ao anfitrião ¼ Prás 7. E porque o tempo era de homenagens, celebrou-se também a classificação do cante alentejano como Património Imaterial da Humanidade. As vozes vieram com o Grupo de Cantadores de Beringel, um rancho jovem, mas com vozes maduras, associando-se à festa das motos, sim, porque a genuinidade do cante alentejano e o seu caráter universal tornam-‑no transversal a tudo o que acontece na nossa terra. “Foi com muito orgulho que o vimos reconhecido como Património Imaterial da Humanidade e quisemos proporcionar aos nossos visitantes um momento diferente, um pouco da nossa cultura, da nossa terra, porque entre o cante e as motos existe um elemento comum que é a fraternidade”, revelou Joaquim Guerreiro. “Quando o sol no horizonte/ vai morrendo pela tardinha/ lá vai a moça prá fonte/ à cabeça à cantarinha”, trateou-se, e para o ano haverá mais, porque o relógio parou no ¼ Prás 7 mas o grupo continua acelerando, com mais associados e maior colaboração com as instituições de solidariedade social do concelho. O último motard a deixar o recinto, domingo ao cair da tarde, às sete menos um quarto, despediu-se com a mão no peito e a expressão “levo-‑vos no meu coração” e acelerou em direção à Moita.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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