sexta-feira, 23 de outubro de 2015

“Sabemos ensinar basquetebol”


O Beja Basket Clube entrou na edição de 2015/16 do Campeonato Nacional da 1.ª Divisão com um triunfo sobre o estreante Estrela de Santo André. O emblema bejense apresenta-se com uma equipa diretiva reforçada.

Texto e foto Firmino Paixão


João Margalha, histórico dirigente do basquetebol bejense, assumiu a presidência do Beja Basket Clube (BBC) e assume, em conjunto com o treinador-jogador Luís Caramba, a direção técnica da equipa. O dirigente revelou que o clube tem agora uma equipa diretiva alargada e a trabalhar em permanência para o basquetebol do clube, que voltou a competir em todos os escalões de formação, apesar da equipa sénior ser a grande bandeira e o fator de inspiração dos jovens atletas do BBC. O presidente do clube revela aqui os objetivos da equipa sénior e enumera as dificuldades de uma modalidade que já colocou três atletas em clube de topo do basquetebol nacional.


O BBC tem agora uma estrutura funcional alargada e muito polivalente?O basquetebol distingue-se pela existência de um grande amor, ou seja, existe aqui um grande amor à camisola e um grande amor à modalidade. Estamos todos aqui porque gostamos disto e daí a nossa polivalência, trabalhamos naquilo que a modalidade precisar: se precisar de nós como dirigentes, estaremos lá, se precisar de nós como treinadores, estaremos lá, é essa a nossa visão do associativismo.


A participação neste campeonato é mais uma “prova de vida” do BBC?É uma prova de vida e é fundamental. Uma equipa sénior em competição é fundamental para as equipas de formação, os miúdos têm que ver os seniores a jogar e ver outros jogadores a fazer coisas que eles depois tentam imitar. É assim em qualquer modalidade, o andebol ou o basquetebol aprende--se muito pela imitação, no futebol os miúdos gostam de ver os craques, isso é uma base fundamental na formação e, se não existir essa envolvente, o miúdo não tem um objetivo final, que é chegar à equipa sénior do seu clube.


Que características tem o plantel para esta época desportiva?Temos 13 ou 14 jogadores. Mantivemos, essencialmente, a equipa do ano passado, tivemos uma excelente equipa de juniores que infelizmente não conseguimos fazer transitar, mas o sucesso é termos 10 jogadores na modalidade e estarem os 10 colocados nas universidades em Lisboa. O seu sucesso escolar também nos penaliza, como é óbvio, mas gostaríamos de os ter cá. Com eles teríamos uma equipa muito mais forte, assim temos um jogador que ainda é cadete e que está a jogar nos seniores. O Carlos teve duas subidas de escalão, tem 16 anos, é uma promessa da modalidade, acredito muito neste miúdo, é excelente vermos os miúdos com esta vontade de jogar.


Os objetivos são moderados apesar do triunfo na jornada de abertura?O objetivo é o que classificamos como objetivo normal de uma equipa de basquetebol, que é ganhar, pelo menos, 50 por cento dos jogos. Se tivermos um índice positivo, ou seja, o número de vitórias superior ao número de derrotas, para nós será uma grande vitória. Não queremos subir, não temos condições para isso. Para se subir a este nível tínhamos que ter um ou dois jogadores de topo nacional pagos e nós não temos condições financeiras para isso. Vimos hoje aqui o Manuel, um jogador do Estrela de Santo André que jogou no topo em grandes clubes. Faz a diferença apesar de ter 44 anos, mas nós não temos condições para o ter, é muito complicado.


O BBC foi o berço do Pedro Lança, campeão nacional pelo Benfica e atleta da seleção nacional que competiu no Europeu Sub/17.Não competiu só, foi o melhor jogador da seleção nacional e foi uma surpresa para o próprio selecionador, que não o esperava. Ele chegou aos treinos, impôs-se, ao fim de pouco tempo era o base titular e fez jogos espetaculares no Europeu, onde foi considerado um dos melhores jogadores em prova. E é bom que se diga que o Pedro Lança treina connosco, só vai jogar ao fim de semana a Lisboa, o que sabe tem aprendido connosco e ele gosta muito de nós, é um atleta que acompanhamos desde os seis anos.


Um símbolo para todos os miúdos da vossa formação?Na verdade, é um orgulho para todos nós e símbolo para a nossa formação mas conforta-nos podermos dizer que temos três jogadores da nossa formação em equipas de topo nacional, portanto, isso diz um bocado da qualidade técnica da nossa formação. Significa que sabemos ensinar basquetebol aos miúdos, mas depois temos a terra que temos, não os conseguimos segurar. Temos que dar uma volta a esta região, ter aqui empregos, ter aqui outras coisas, mas essa é a outra parte de que o desporto precisa, ter uma sociedade civil forte, uma economia forte que proporcione trabalho às pessoas para aqui se fixarem e para que tenhamos um desporto forte.

Fonte: http://da.ambaal.pt

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