José Saúde
Admiro o futebol de rua. O futebol vadio e
jogado outrora de pé descalço. Nesse mítico planeta despertaram
jogadores de alta qualidade. Numa alegórica rua de uma aldeia, vila ou
cidade, num bairro de lata, nas savanas africanas, nas favelas do Rio,
ou num subúrbio de uma infernal metrópole, deram à luz malabaristas que
vingaram em grandes palcos futebolísticos universais. O futebol, numa
conceção global, sempre se afirmou como uma modalidade onde sobressaem
modelares efeitos que levam o homem a sonhar. Alguns dos putos bons de
bola nasceram com ícones insofismáveis que os conduziram ao mundo do
sucesso. Deliram com o passe ancestral, a finta e o golo. Uns
conseguiram atingir objetivos sonhados; outros deixam-se levar pela
leviandade dum mundo perverso. Perderam-se num turbulento e insólito
caminho. Ainda hoje sobejam exemplos de inesquecíveis craques que caíram
na desgraça e outros que se afirmaram como figuras de proa mundial.
Beja foi palco de um torneio de futebol de rua que galgou fronteiras.
Equipas masculinas e femininas bateram-se em campo em prol de uma
competitividade sã e onde se cruzaram amizades, idiomas, experiências de
vida, idades, entre outras condicionantes de airosidade que o divinal
evento particularizou. O espaço junto à Casa da Cultura obedeceu a um
reajustamento estrutural e o público presenciou o espetáculo com a sua
inestimável comparência. Opino que o local foi bem escolhido a que
acrescem os efeitos especiais observados na área envolvente. Importa
realçar que a velha Pax Júlia soube dignamente receber uma imensidão de
visitantes num encontro expetante e emocional. O desporto tem o condão
de proporcionar memoráveis instantes de convívio e camaradagem. No
futebol de rua sobressaem valores humanos de dimensão enorme. Na minha
ótica não houve vencidos nem vencedores, todos foram inigualáveis à sua
maneira. Ultrapassaram preconceitos estéreis e ergueram bem alto o
conceito da liberdade desportiva. Gostei.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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