O mundo é uma bola giratória onde se inscrevem inolvidáveis conceitos desportivos. Entrámos em 2017 e para trás ficaram alguns acontecimentos que deixam supor que a componente desportiva é uma autêntica roleta russa. Não há consenso e as palavras fúteis fervilham de boca em boca. Discute-se por tudo e por nada. O homem, ávido de triunfos, reclama igualdade de tratamento. Trabalha os plantéis e contrata novos deuses. Esfrega as mãos e apresenta-se às massas como um ser omnipotente. E o povo bebe com fulgor as súplicas do superior hierárquico. As suas palavras são sagradas. No núcleo de amigos o adepto defende com presunção a opinião do chefe. Todavia, o cosmos desportivo remete o consciente cidadão para uma fidelidade certificada a qual opera numa onda sedutora. Hoje, a imagem desportiva testemunhada já não é como aquela que dantes conhecemos e vivemos. Época futebolística de 1969/1970. O Desportivo de Beja tinha uma equipa de luxo e o autor deste texto, com 18 anos, ingressou no emblemático clube sul alentejano. Nesse lote de atletas proliferavam verdadeiros craques. De entre as aquisições da temporada estava o Rodrigues Pereira, um guarda- -redes com estatura baixa mas fundamentalmente versátil. Num jogo para a Taça de Portugal jogámos em Alhandra, vitória dos bejenses por 1-0, e a dada altura da partida o Rodrigues Pereira, numa magnífica defesa, “voou” para a bola e colidiu com a cabeça no poste em madeira. Meio zonzo o nosso guardião teve que ser substituído e transportado para o Hospital de Vila Franca de Xira. O substituto foi o Nói Alves. Um veterano que correspondeu exemplarmente nos desafios seguintes. Seguiu-se mais um prélio e o Suarez, treinador/jogador, na sua preleção colocou o Alves como o titular e o Rodrigues Pereira no banco. Num ápice o Nói levantou-se e educadamente disse: “mister” o lugar é do Rodrigues Pereira e não meu, por isso não aceito essa sua opção”. O espanhol aceitou a dica e tudo se resolveu. Palavras de um homem simples e sincero que foi enorme na história do Desportivo. Bom ano de 2017!
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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