quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Barrancos Futebol Clube: A remar contra a maré


O envelhecimento da população e os baixos índices de natalidade, que não são exclusivos do concelho de Barrancos, mas transversais a todo o interior do território nacional, são contrariedades com que o movimento associativo, invariavelmente, se confronta.
Texto e foto  Firmino Paixão


O Barrancos Futebol Clube tenta remar contra essa maré. Tem sido esse o propósito do clube raiano desde a sua fundação, há cerca de 35 anos. Um percurso digno, às vezes vacilante, é certo, porque condicionado às vicissitudes do tempo, mas marcado pelo empenho em proporcionar a prática desportiva à juventude local. Foi neste berço que nasceram figuras como Paulo Guerra e Manuel Damião, atletas de inquestionável valor.
Filipe Charrama é o líder da atual equipa diretiva, que trouxe a equipa sénior de volta às competições federadas. Cumprido um primeiro mandato, a reeleição foi um processo natural, porque, explicou o dirigente: “Quando apresentei a primeira candidatura não existia ninguém para formar uma direção, então surgiu um grupo de amigos, somos mesmo um grupo de amigos, sem presidente nem outros cargos, e estamos a desenvolver um trabalho sustentado. Somos um clube pequeno e não podemos voar muito alto”.
Charrama não se autointitula presidente, antes, o dirigente mais responsável, mas “quando as coisas falham, a responsabilidade tem que ser minha e eu assumo-a inteiramente”, diz. E sublinhou a dinâmica da sua equipa: “Temos um conjunto de pessoas muito disponíveis para trabalhar, todos gostam muito das modalidades que o clube desenvolve, o futebol e o atletismo, e o trabalho está à vista de todos”.
O clube tem, nesta época, três equipas em competições federadas: infantis, iniciados e seniores. “Temos apostado na formação, integrando juvenis e juniores na equipa sénior. É um trabalho do qual só esperamos resultados mais adiante, não os exigimos já, mas temos a certeza que eles irão aparecer”, esclareceu.
Por enquanto, semeiam para preparar colheitas vindouras: “Investimos no futuro, apanhámos uma geração onde existem cerca de 20 crianças para fazermos uma equipa de infantis, algo que era impensável há anos atrás. Na equipa de iniciados temos 10 jovens de Barrancos e mais oito da vizinha Amareleja”. Mas não é fácil, explicou: “É um esforço muito grande, mas com a vontade e com o gosto que existe em cada um de nós tudo se consegue. As crianças merecem-no e isso alivia as dificuldades e gera uma motivação crescente, porque a nossa obrigação é integrar as crianças na prática desportiva”.
Os objetivos não podem ser ambiciosos, pois, “neste ano, trocaram-nos as voltas, as competições começaram mais cedo, aproveitámos a Taça para fazermos a pré-época e agora, com alguns reforços, estamos a atacar o campeonato de forma a não defraudarmos as expectativas dos nossos adeptos, honrando a camisola e o passado deste clube, como sempre aconteceu”, disse que Filipe Charrama, que confessou, no entanto: “Sinto uma grande alegria porque temos 26 atletas inscritos e só dois ou três é que não são da terra”.
Ao leme, um técnico experiente: “Apostámos no Cláudio Serra, natural de Reguengos de Monsaraz, um treinador que valoriza o percurso dos nossos jovens, que nunca tiveram um treinador credenciado. Temos contado com a carolice de algumas pessoas para preenchermos o quadro técnico”.
O clube dispõe de boas infraestruturas, revelou ainda: “São magníficas, temos que as aproveitar e disfrutar o melhor possível. Quando tínhamos o ‘peladão’ toda a gente gostava dele, mas o município, cujo apoio é fundamental, proporcionou-nos estas excelentes condições, Temos uma pequena sede, num local estratégico, que rentabilizamos quando se realizam eventos na praça principal”.
Os sócios foram alheando-se do clube, ao tempo em que a equipa sénior esteve inativa. Agora a esperança dos dirigentes é que esse regresso seja progressivo, porque o trabalho está à vista e o Barrancos, no território onde intervém, tem cumprido a sua responsabilidade social: “Celebrámos um protocolo com o município em que essa era, realmente, uma das vertentes. Desenvolvermos atividades ocupacionais para as crianças, na área desportiva, preenchendo os seus tempos livres. Temos feito esse trabalho com equipas de traquinas e petizes, que vão praticando, embora não tenhamos um número de miúdos suficiente para constituirmos equipas, mas vamos trabalhando com eles”. Naturalmente, sem descurarem o atletismo porque, assume Filipe Charrama, “isso é quase obrigatório”. “Nasceram aqui grandes referências do atletismo, como o Paulo Guerra, o Manuel Damião, grandes atletas desta terra que nos obrigam a manter viva essa chama. Esperemos que, no futuro, possam surgir aqui mais Guerras ou Damiães”, concluiu.

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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