quarta-feira, 13 de maio de 2020

Bola de trapos, edição de 8/5/2020 no Diário do Alentejo

José Saúde
Teias
Se o viandante desportivo sempre viveu entusiasticamente o universo do fenómeno, é admissível que agora esbarre em confinadas teias que lhe permitem analisar conteúdos por ora observados. Analisando a coisa por um outro prisma, a evolução do prodígio deu aso à aparição de eventuais cáusticos aventureiros que armadilharam um campo em que os mais prudentes almejam somente a isenção de atropelos. A maravilha desportiva atingiu um boom que transformou o futebol em conveniências pessoais, sendo que os profetas do nada evocam, com crença, as suas pomposas retóricas. Considero que a ocasião seja propícia para lançar a pergunta: será que na profética homilia se consiga destrinçar o trigo do joio quando o povão vota no futuro candidato para gerir os destinos do seu clube? Depois o que sobra para as coletividades? Sobram tão-só indeléveis teias que se dissipam na tenuidade de um horizonte imaginariamente inconstante. O covid-19 levou o adepto a mergulhar num oceano de incertezas e magicar que o domínio dos mais fortes poderá ser uma falsa questão. Aliás, os presumíveis donos dos quartéis viajam agora pelo reino dos silêncios e a paragem da atividade, onde proliferam as diversas modalidades, trouxe à estampa outras realidades. Os dirigentes, agora amigos, dão as mãos e em redor de uma mesa reclamam o regresso às competições, uma primazia a que todos agrada. Os negócios dos milhões estão suspensos e as transferências dos craques adiadas, daí que o pilim, como é lógico, comece a escassear. Mas, os seres pensantes, dignos de uma exequível credibilidade, aconselham calma. Falam do cumprimento das regras sanitárias e propõem restrições ao espetáculo que não pode nem tão-pouco deve desprezar as condições de segurança do mais vulgar cidadão. Sabendo-se que a nossa realidade distrital em nada se assemelha com as grandes potências do futebol profissional, é justo que introduzíssemos neste espaço uma temática sobre a componente amadora e debitássemos a razão pela qual o final da época, 2019/2020, na AF Beja tivesse sido dada por terminada, concluindo-se que não haverá campeões. O surto epidémico foi determinante para o términus das provas e os emblemas que se preparavam para festejar mais um êxito viram no covid-19 o capital adversário que lhes interrompeu o hastear das bandeiras do cobiçoso sucesso. E são estas as supremas teias pandémicas que, numa temporada atípica, caíram a pique na contextualização regional e sobretudo em dirigentes que viram todo o seu trabalho suspenso. Resta deixar um bem-haja a todos os que se empenharam ao longo de uma jornada de trabalho, inesperadamente interrompida, restando a convicção que complexidade do covid-19 não irá futuramente trazer, em princípio, problemas acrescidos. Que a próxima época vos traga os ambicionados objetivos, que o vírus já tenha sido dizimado e que a alegria do povo regresse aos recintos desportivos!
Fonte: Facebook de Jose saude

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