domingo, 15 de agosto de 2021

Espaço Hípico da ACOS promove Férias Ativas

 

O Espaço Hípico da Associação de Criadores de Ovinos do Sul (ACOS) está a promover o projeto Férias Ativas, espaço de aprendizagem para jovens, que aqui adquirem as primeiras noções sobre a arte equestre.

 

Texto Firmino Paixão

 

“Quero ser cavaleiro profissional”, é o desejo manifestado pelo jovem Francisco Carvalho, de oito anos, nascido em Vila de Frades, que justifica essa sua opção: “Desde muito cedo que comecei a ir a touradas, sempre adorei ver os cavaleiros, e aí nasceu o meu sonho de me tornar cavaleiro. Desde pequenino que adoro cavalos, aprendi a montar aos sete anos e já tenho dois cavalos”.

 

O jovem candidato a cavaleiro profissional revela ter vindo para o Espaço Hípico com o objetivo de aprender a montar: “Não sabia nada quando cá cheguei, mas tenho aprendido muito com o senhor Joaquim Veríssimo. Gosto muito de tourear, gosto de andar a galope, mas adoro desafiar a tourinha [treino de tourada por meio de touros fingidos], para lhe espetar os ferros”. É tanta a convicção que Francisco Carvalho até desvenda o seu ídolo, entre os profissionais: Francisco Palha. E porquê? “Porque é Francisco, tal como eu”.

 

Maria Inês Piçarra tem 12 anos, frequenta o Espaço Hípico da ACOS há cerca de ano e meio e está também a participar neste projeto organizado em período de férias. “Adoro cavalos. Quando aqui cheguei não sabia montar, aliás, não sabia nada relacionado com a equitação, e já aprendi muito. Tinha alguns amigos que já aqui andavam e que me diziam que isto era espetacular e, por isso, decidi experimentar”.

 

Experimentou e ficou! “Montar a cavalo dá-nos uma sensação única, inexplicável mesmo, sentimo-nos imparáveis, livres”, diz Maria Inês Piçarra, deixando, no entanto, uma recomendação: “Devemos confiar sempre no cavalo, não devemos mostrar medo, porque se eu montar com receio de cair é porque não estou a confiar no animal… acho que a confiança entre as duas partes, cavalo e cavaleiro, é um fator essencial”. Ser cavaleira profissional não está no seu horizonte, embora confesse “gostar de sentir a adrenalina” da equitação, em particular neste projeto da ACOS: “Está tudo a correr lindamente, aprende-se muito e existe muito convívio entre todos nós”.

 

Habitual frequentador do Espaço Hípico, Diogo Zeverino completou recentemente 11 anos. “Quando tinha um ano já o meu pai me punha sobre um cavalo, mas só aos dois é que comecei a montar mais a sério e por grande influência dele, que me transmitiu esta paixão pelos cavalos”. Quando se monta, diz, “sente-se muita liberdade, muita paixão”. Diogo assume que gosta muito de galopar porque “sente-se mais adrenalina e mais espírito de aventura”, mas revela ter também aprendido “o passo espanhol’ e outras técnicas”. Recorda a importância de ir “conhecendo o cavalo, refrescando-o, escovando-o e alimentando-o”. A sua vontade é, um dia, tourear a cavalo. “Gostava de experimentar com a tourinha”, desabafa, elegendo como seu ídolo o já falecido, Joaquim Bastinhas, “pela emoção que punha no toureio”. O seu irmão, Afonso, de cinco anos, outro aficionado pelo toureio, já lhe segue os passos, amiudadamente.

 

Satisfeito com a evolução deste projeto de “Férias Ativas” mostrou-se o gestor do Espaço Hípico da ACOS, Joaquim Veríssimo: “As atividades têm corrido lindamente, temos miúdos a repetir a presença, vêm uma semana e voltam na semana seguinte. Acho que estão a divertir-se e também a aprender”. É esse, aliás, o objetivo destas ações que estão a decorrer em blocos semanais e durante todo este tempo de verão e de férias escolares.

 

Joaquim Veríssimo assegurou que todas as semanas “têm sido muito frequentadas”, com uma média de 20 alunos, número que não é superior pois “queremos manter a qualidade”. “Não podemos ter aqui excesso de miúdos, porque seria impossível dar atenção a todos, estamos no limite, não poderão ser mais”, diz.

 

O projeto tem sido frequentado por crianças de todas a idades que, em comum, têm o gosto por montar a cavalo. “Alguns nunca tinham tido contacto com um cavalo e nos primeiros dias andam um bocadinho como que desconfiados, mas integram-se rapidamente e entram neste circuito, porque ganham confiança com o cavalo, veem que os cavalos não lhes fazem mal e ganham rapidamente o prazer por esta atividade”, comenta o antigo cavaleiro tauromáquico

 

O plano de aprendizagem, esse, está definido: “A primeira fase é o contacto com o cavalo, a maneira de chegar perto dele, a maneira de lhe tocar, terem a noção de como se aparelha um cavalo, colocar os arreios, enfim todos o processo de maneio, desde a limpeza à alimentação do cavalo. Depois assistem a uma aula de algum miúdo que esteja já mais adiantado, porque a ver também se aprende. Só depois é que experimentam montar a cavalo”.

 

Atento também aos mais ágeis, Joaquim Veríssimo garante terem já sido detetados “vários talentos”, apesar de ser dada “a melhor atenção a todos”. Como acontece em qualquer outra modalidade, “há miúdos que têm mais jeito, aprendem mais rapidamente, não querendo dizer que os outros não o consigam, mas nota-se, na fase de arranque, que uns são mais precoces que outros”.

 

O Espaço Hípico possui cavalos habituados às diferentes fases de aprendizagem, “desde os iniciados até cavaleiros já com alguma experiência, muito mais adiantados e habituados a fazer provas importantes”, garantiu Joaquim Veríssimo, referindo o exemplo do jovem que quer ser profissional: “O Francisco Carvalho adquiriu um cavalo, já com alguma idade, que toureou muito com o cavaleiro Rui Fernandes e começou aqui na brincadeira a experimentar com o tourinha. Está encantado, diverte-se muito e diz, realmente, que quer ser toureiro”.

 

O projeto está enraizado, considera o gestor. E explica: “Tem corrido muito bem, acho que toda a gente está contente, não temos tido acidentes, nem reclamações, portanto, achamos que está a correr muito bem”. Ainda assim, não se tratou de uma iniciativa fácil de erguer. “O projeto começou do zero, porque o centro hípico estava parado há alguns anos, foi necessário fazer todo um percurso de divulgação para darmos a conhecer o espaço às pessoas, depois tivemos o azar, todos nós, de nos termos deparado com a pandemia. As coisas passaram por momentos de paragem, e de arranque, não tem sido fácil, mas hoje as coisas tendem a normalizar e sentimo-nos felizes porque, dentro do possível, estamos a retomar a atividade”, concluiu.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt

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