sábado, 12 de março de 2022

Convite a todos os conterrâneos que residem na margem sul do rio Tejo.

 

Deixo-vos com um pequeno texto inserido na livro "Aldeia Nova de São Bento - Memórias, Estórias e Gentes", uma edição lançada pelas Edições Colibri.
XVIII
Quando um homem se põe a recordar!
É inevitável mergulhar nas profundezas das límpidas águas oceânicas que se apaziguam miraculosamente na nossa costa alentejana, ou de viajar entre as searas loiras que rodeavam a aldeia, onde o cantar dos grilos ou o chilrear da cotovia na primavera, entoava uma melodia encantadora e trazer à estampa pequenas lembranças da nossa terra que orgulhosamente definem o que foram as vivências do passado.
Procurei, embora sinteticamente, recordar os tempos antigos; os hábitos; as imagens que entretanto se foram diluindo com o suceder das épocas; as amizades; a pureza dos nossos costumes; de pessoas que deixaram vincadas os seus saberes, ou as suas artes; as fotos que escrupulosamente recolhi, algumas delas oferecidas, mas aonde fica o meu reconhecimento a todos que comigo colaboraram, fornecendo-me essas imagens que trabalhei com um amplíssimo carinho; as suas identificações; ou tirando-me pontuais dúvidas em relação ao tema tratado, ou alertando-me para pequenas hesitações que oportunamente foram dizimadas; o profícuo carácter dos homens no seu trabalho quotidiano; enfim, uma panóplia imensa de narrativas a que me predispôs executar, ficando registada uma obra que eu próprio considero sempre inacabada. Outros, com engenho e arte, que lhe dêem continuidade.
Aqui não ficam resquícios sobre a plenitude de pequenos teores feitos com base no bem-querer que nutro pela terra que um dia me viu nascer e que um dia me irá consumir. Aqui “não há filhos nem enteados”, todos foram tratados de igual modo. Reconheço que a narrativa exposta não é completa. Sim, porque “quem conta um conto acrescenta-lhe sempre mais um ponto”. É normal e fica a minha aceitação. Perduram, porém, as muitas horas, dias, meses e anos dedicados a uma investigação que paulatinamente foi tomando corpo e que aqui vos deixo com muita estima.
Quando um homem se põe a recordar, é perfeitamente admissível que nem tudo de momento lhe ocorra. Todos temos histórias guardadas e cada um de nós trabalhamo-las de acordo com o nosso pensar e vivência.
Ainda assim, e não obstante as eventuais animosidades que porventura surjam, procurei não desertar dos propósitos a que me lancei quando me iniciei nos trabalhos das “memórias da minha aldeia”.
Neste contexto, deixo-vos uma foto, sentado na bica de água já desativada no ano de 1969, e que me serviu similarmente de inspiração para a execução desta longa maratona, tendo em linha de conta que o meu pensamento, naquele instante, parecia premeditar que o mundo da escrita faria parte do meu futuro.
Obrigado aos meus caríssimos conterrâneos, em especial a todos que comigo amiúde colaboraram, das fotos que despretensiosamente me enviaram, aliás, pessoas que honradamente citei na minha introdução, permitindo-me ter conseguido levar “a carta a Garcia”, numa narração que ficará para a perpetuidade!
Quem é este aldeano de alma e coração? Eis o meu sintético currículo.
José Saúde nasceu em Aldeia Nova de São Bento no dia 23 de Novembro de 1950, todavia, o seu registo oficial de nascimento reporta-se a 23 de Janeiro de 1951. Ainda muito jovem, e sem nunca renegar as suas origens, fez da cidade de Beja a sua terra de adoção. Na velha Pax Júlia concluiu o ensino primário e foi aluno da antiga Escola Industrial e Comercial de Beja, agora D. Manuel I, na qual finalizou o Curso Geral de Comércio, ainda que pelo meio tivesse ficado uma passagem pela Escola Comercial Veiga Beirão, em Lisboa. Mais tarde completou o 12º Ano na Escola Diogo Gouveia, antigo Liceu de Beja.
Desportivamente, iniciou a sua carreira futebolística no Despertar Sporting Clube e aos 16 anos ingressou no Sporting Clube de Portugal, como juvenil, tendo registado ainda uma passagem pelo Sport Lisboa e Benfica. Depois dessa experiência enriquecedora em Alvalade, e já como jogador sénior, representou o Desportivo de Beja e o FC Serpa. Em 1975, com o serviço militar obrigatório cumprido, foi um dos grandes impulsionadores do reaparecimento do futebol de competição na Aldeia Nova de São Bento ao reativar a atividade no Clube Atlético Aldenovense.
O jornalismo foi sempre uma das suas grandes paixões. Em 1985 iniciou a sua carreira como jornalista no jornal desportivo bejense “O ÁS”. De agosto de 1989 a janeiro de 2000 assumiu o comando do pelouro desportivo da Rádio Voz da Planície, em Beja. Coordenou a equipa do desporto da Planície Desportiva da RVP aos domingos; foi o rosto do programa “Estádio” aos sábados e desenvolveu ao largo dos vários anos radiofónicos duas rubricas diárias desportivas de nome Livre Direto.
No ano de 1994 frequentou o Curso de Comunidades Europeas para Profisionales de Medios de Comunicacion no Centro de Documentacion e Formacion Europea de Extremadura, em Badajoz, onde recebeu o Diploma.
A nível nacional foi colaborador do jornal “A BOLA” entre 1990 e 2015. Colaborou, também, com o JN - Jornal de Notícias - no período de 1996 a 2006 na área desportiva.
Em 2006 estreou-se na TV Beja (televisão por internet), sendo responsável pela área desportiva e em agosto de 2008 integrou o departamento desportivo do Diário do Alentejo, órgão no qual se mantém.
Em maio de 2009 foi galardoado pela Câmara Municipal de Beja com o Diploma de Medalhas e Insígnias Municipais – Mérito Grau “Prata” – “por ter sido destacado por serviços distintos e altamente meritórios ao Município, e cujo nome está intrinsecamente ligado a Beja” e em junho de 2015 foi distinguido com o Diploma de Sócio Honorário da Associação de Futebol de Beja.
De entre a sua bibliografia fazem parte as obras Glórias do Passado, volumes I, 1999 e II, 2006 - relatando a evolução do futebol no século XX na Associação de Futebol de Beja; AVC Na Primeira Pessoa, 2009; O Trilho, 2013; Guiné-Bissau, As Minhas Memórias de Gabu 1973/1974, 2014; Associação de Futebol de Beja, 90 Anos de Memórias e Relatos, 2015; AVC Recuperação do Guerreiro da Liberdade; Do Aldenovense Foot-Ball Club ao Clube Atlético Aldenovense 1923 em 2016; Um Ranger na Guerra Colonial Guiné-Bissau 1973/74, em 2019.
Fonte: Facebook de Jose Saude

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